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Jack desvendado

Em livro recém-lançado no Reino Unido, empresário diz ter descoberto identidade do famoso 'serial killer' do século 19

LEANDRO COLON DE LONDRES

Jack, o Estripador, era um imigrante polonês, de 23 anos, chamado Aaron Kosminski. É o que garante um detetive amador sobre um dos "serial killers" mais famosos de todos os tempos.

"Não tenho dúvidas de que descobri quem era Jack. Estou 100% seguro", disse à Folha Russell Edwards, 48, um empresário metido a detetive fascinado pela história do criminoso do fim do século 19.

Uma obsessão que o levou a investigar por conta própria um mistério de 126 anos: afinal, qual era o verdadeiro nome do assassino que matou ao menos cinco prostitutas em Londres, mutilando os corpos e retirando os órgãos de suas vítimas?

Edwards lançou na última terça-feira (9) o livro "Naming Jack The Ripper" (Identificando Jack, o Estripador, em tradução livre).

Virou celebridade instantânea no Reino Unido e, claro, alvo de ciumeira e questionamento dos "experts" em Jack, o Estripador.

A fama do livro não é só pela suposta revelação da identidade do "serial killer", mais uma entre tantas outras dezenas especuladas até hoje em filmes e livros.

Mas também por causa de um enredo recheado de "novidades" (e dúvidas, claro) que ajudam a cultivar o mistério sobre o personagem.

XALE

Desta vez, a identidade de Jack (apelido dado ao criminoso) é revelada com base num inédito xale supostamente encontrado junto ao corpo de uma das vítimas, Catherine Eddowes, 46, morta em 30 de setembro de 1888.

Catherine foi a quarta vítima de Jack, que retirou o rim esquerdo e parte do útero da mulher. Naquela mesma noite, morrera a terceira vítima, Elizabeth Stride, 44, ambas em Whitechapel, bairro que hoje oferece até um "tour" pelos locais dos crimes.

O empresário detetive diz ter comprado o xale num leilão em 2007. Segundo sua versão, o pano foi achado na cena do crime por um policial chamado Amos Simpson e guardado por dezenas de anos por seus descendentes.

O xale nunca havia sido lavado, garante Edwards: "Graças a Deus, porque isso ajudou a manter a prova por todo esse tempo".

A Folha pediu para ver o pano, mas só teve acesso a uma foto, a mesma publicada no livro. "O pano está guardado num lugar seguro", afirma o empresário.

O autor do livro diz ter feito um exame de DNA em cima de supostas manchas de sangue e esperma que, segundo ele, se perpetuaram no tecido por todo esse tempo.

O xale, segundo o livro, era mesmo de Catherine, e os exames comprovam a presença de traços genéticos do judeu polonês Aaron Kosminski, que sempre apareceu na lista de suspeitos --ele morreu num asilo para doentes mentais em 1919.

Para chegar ao resultado, Edwards afirma ter tido ajuda de dois especialistas em biologia molecular, um de Liverpool e outro de Leeds, e a contribuição de uma descendente direta de Catherine, chamada Karen Miller, e outra de Kosminski, cujo nome é mantido em segredo "por segurança".

"Foi emocionante quando recebi o resultado do exame, em fevereiro deste ano. O mesmo sentimento que tive quando meus dois filhos nasceram", afirmou Edwards em entrevista à Folha, na última quarta-feira (10).

POLÊMICA

Nem bem chegou às prateleiras, a obra já é contestada. Afinal, Edwards não deixa ninguém chegar perto do xale, nem submeteu os exames a cientistas independentes para comprovar a autenticidade do resultado em um material tão antigo.

Criador do processo de identificação do DNA por digitais para a solução de crimes, o professor britânico Alec Jeffreys declarou à mídia britânica que os testes deveriam ser revisados.

Em entrevista ao jornal britânico "The Times", Donald Rumbelow, ex-policial especialista em Jack, diz que o tal xale nunca esteve na lista oficial de materiais encontrados na cena do crime.

Diante da polêmica, o empresário autor do livro reage: "Só quem quer perpetuar o mito terá dúvidas. Se eu tivesse dúvidas, faria mais testes. A única coisa que quero é contar ao mundo quem foi Jack, o Estripador".


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