Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Evo encerra campanha em área que lhe era hostil

Presidente da Bolívia vai a Santa Cruz, outrora um bastião opositor

Favorito à reeleição, líder ganhou simpatia de empresariado local e deve ter maioria dos votos na região

SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL A SANTA CRUZ DE LA SIERRA (BOLÍVIA)

Com um gol de pênalti que deu a vitória a um combinado da Bolívia contra uma equipe de ex-jogadores do Real Madrid (4-2), o presidente Evo Morales, 54, encerrou sua campanha numa região do país na qual há seis anos não podia nem pisar.

Motor econômico da Bolívia e antigo reduto opositor, Santa Cruz de la Sierra assistiu ao amistoso --com astros como os espanhóis Emilio Butragueño e Fernando Hierro e o boliviano Marco Etcheverry-- e ao último comício do presidente, que é o favorito para vencer a eleição do próximo domingo (12), com 57% das intenções de voto.

Os atos marcaram a virada de popularidade de Morales na região, que responde por 28% do PIB do país e resistiu à primeira eleição do líder cocalero (2005) com atos de desobediência civil e uma tentativa de se tornar independente da Bolívia.

"O país teve o PIB triplicado, e Santa Cruz é quem mais ganha com isso. Contra este fato não há argumento. Os empresários aceitaram, parte da classe média também", explica à Folha o editor de política do jornal "El Deber".

Santa Cruz é o departamento (Estado) mais importante e povoado da chamada "Media Luna" (região que abriga também Beni, Pando e Tarija) e tem a economia fortemente vinculada ao Brasil --especialmente por causa da produção e exportação de gás natural e da agropecuária.

Aqui, Morales teve 33% dos votos em 2005, subiu para 41% em 2009 e agora, segundo as pesquisas, deve ultrapassar os 51%. "Em Beni e Pando, a situação não será tão fácil. Preocupado com conquistar Santa Cruz, Morales ofereceu muita coisa ao departamento, mas nem tanto para esses outros dois", afirma Ortiz.

Nos últimos anos, Morales gastou US$ 22 milhões em obras de infraestrutura em Santa Cruz, entre as quais a ampliação do aeroporto internacional de Viru-Viru.

No último comício, ele prometeu ainda para a região uma hidrelétrica e implementação de novos projetos de mineração.

Segundo as projeções, porém, Beni e Pando darão pouco mais de 40% dos votos ao presidente.

De olho nesse eleitorado, o opositor Doria Medina, segundo colocado (17,9%), direcionou também sua campanha para a "Media Luna". "Vamos ganhar em Pando e Beni. Não se pode confiar apenas em pesquisas. Vejam o exemplo do Brasil, onde houve surpresa", disse, também em seu ato de encerramento de campanha.

Há quem diga, porém, que o apoio de Santa Cruz tem a ver com ações intimidatórias do governo nacional. "A virada pró-Evo ocorreu depois do chamado caso Terrorismo', em 2009, quando foram mortos três suspeitos de armar um atentado contra Morales", explica Ortiz.

Um deles era Eduardo Rózsa Flores, um conhecido ator e ex-soldado nos Bálcãs, a quem o governo boliviano acusava de ser líder de uma milícia antigoverno.

"Depois disso, opositores saíram do país ou calaram-se de vez." É o caso do promotor do caso, Marcelo Soza, que, alegando perseguição política, decidiu refugiar-se no Brasil.

ECONOMIA

Analistas econômicos celebraram a perspectiva de crescimento do PIB da Bolívia (5%) divulgada nesta semana pelo Fundo Monetário Internacional.

"Mas não dá para comemorar totalmente, quando vemos que o Brasil não vai crescer muito. Estamos muito vinculados. Nossas exportações de gás natural dependem da indústria brasileira, principalmente da paulista. E há muita preocupação, também, com a crise argentina, nosso outro grande comprador", diz à Folha Pablo Mendieta, do Cainco, câmara de comércio e indústria de Santa Cruz.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página