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Facção justifica escravização de mulheres
Milícia radical Estado Islâmico defendeu a captura de mulheres como espólios de guerra com base na religião
Extremistas tomam metade da cidade síria de Kobani, em dia com intensos combates e ataques suicidas
A milícia radical Estado Islâmico (EI) defendeu a escravização de mulheres da minoria yazidi, capturadas após a tomada de controle de aldeias no norte do Iraque, como o renascimento de um antigo costume religioso de sequestrar mulheres e crianças como espólios de guerra.
Em um artigo na sua revista "Dabiq", publicada em inglês, a facção divulga o que chama de justificativa religiosa para a escravização de "idólatras" --aqueles que não seguem a religião islâmica.
"Depois da captura, as mulheres e crianças yazidi foram divididas de acordo com a sharia [lei islâmica] entre os combatentes do Estado Islâmico que participaram nas operações de Sinjar", diz o artigo da revista do EI.
O texto confirma as denúncias da ONG Human Rights Watch de que mulheres e meninas yazidi foram forçadas a se casar com combatentes da milícia e levadas do Iraque à Síria para serem vendidas como prêmios.
Rewshe, 15, foi uma das garotas yazidi sequestradas pela facção. Ela escapou do cativeiro e disse à Human Rights Watch que um comandante do EI a vendeu a um combatente por US$ 1.000. Ela fugiu por uma porta destrancada enquanto o homem dormia.
REFUGIADOS
Os combates na província iraquiana de Anbar forçaram mais de 180 mil pessoas a fugir da região desde que o EI tomou a cidade de Hit, no início de outubro, informou a ONU nesta segunda (13).
Os avanços preocupam o Ocidente, porque a região fica perto da capital, Bagdá.
Nesta segunda, três bombas mataram 30 pessoas em regiões xiitas da capital. Ninguém assumiu responsabilidade pelos crimes, mas no domingo (12) o EI, formado por sunitas, assumiu a autoria de ataques que mataram 45 pessoas em Bagdá.
Na cidade síria de maioria curda Kobani, três combatentes fizeram ataques suicidas, segundo um grupo de monitoramento. A região teve intensos combates entre extremistas e curdos, na segunda.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, a facção já tomou metade de Kobani, que fica na fronteira com a Turquia.
Com o avanço do EI às portas da Turquia, Ancara enfrenta uma pressão cada vez maior para participar da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra os extremistas na Síria e no Iraque.
O governo turco negou nesta segunda-feira (13) ter autorizado o uso de suas bases aéreas pelos Estados Unidos para a campanha contra o EI.
"Não há nenhum novo acordo com os EUA sobre Incirlik", disse um funcionário do governo à AFP, em alusão a uma base aérea no sul da Turquia. "As negociações prosseguem", acrescentou.
Sob condição de anonimato, um funcionário americano da Defesa afirmou no domingo (12) que Ancara havia autorizado o Exército americano a utilizar suas bases.
O chefe do Pentágono, Chuck Hagel, também informou no domingo que membros da oposição síria serão acolhidos e treinados na Turquia, acrescentando que Ancara receberá um grupo de especialistas americanos para desenvolver um programa de treinamento.