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Pânico é mais rápido que ebola, afirma OMS
Diretora da entidade diz que medo amplia rupturas sociais e prejuízos
Afirmação de que falha em protocolo provocou infecção cria desavença entre profissionais e autoridades dos EUA
Pânico e rumores sobre o ebola estão se espalhando mais rapidamente que o vírus, afirmou nesta segunda-feira (13) a diretora-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Margaret Chan.
"Eu nunca vi uma doença infecciosa contribuir tão fortemente para a potencial falência de um Estado".
A epidemia já matou mais de 4.000 pessoas, a grande maioria na Guiné, na Libéria e em Serra Leoa.
"O ebola gera medo quase universalmente. E o medo amplia as rupturas sociais e os prejuízos econômicos muito além das zonas afetadas pela epidemia", disse.
O alerta foi feito em meio a uma desavença entre profissionais de saúde e autoridades sanitárias dos EUA.
No domingo, foi confirmada a infecção de Nina Pham, 26, enfermeira que tratou de Thomas Duncan, liberiano que morreu na quarta-feira.
Ela foi isolada e passa por tratamento no Hospital Presbiteriano de Saúde do Texas. Seu quadro clínico é estável.
No mesmo dia, Thomas Frieden, diretor do Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), afirmou que a infecção foi causada por uma "falha no protocolo de segurança", gerando reações de profissionais da área.
A diretora do maior sindicato de enfermeiros dos EUA, Rose Ann DeMoro, afirmou que "enfermeiros de vários hospitais estão alarmados com o que veem em seus locais de trabalho."
Pesquisa feita pela União Nacional de Enfermeiros aponta que, entre 2.000 profissionais, 76% afirmam que os hospitais em que trabalham ainda não comunicaram os funcionários sobre como agir em casos da doença.
O diretor do CDC se desculpou. "As pessoas na linha de frente estão lutando contra o ebola. O inimigo aqui é o vírus, não é uma pessoa, um país, um hospital."
MONITORAMENTO
O CDC informou que, após a divulgação do caso da enfermeira infectada, os profissionais que atenderam Duncan no isolamento serão monitorados.
Ainda não está claro como Pham pode ter sido contaminada. "Temos que repensar a forma com que lidamos com o controle do ebola, porque mesmo um único caso de infecção é inaceitável", disse.
Para Frieden, o alvo de maior preocupação é a saída dos funcionários da área de isolamento do hospital. Mais de 50 pessoas ajudaram nos cuidados com o paciente.
Na Espanha, onde uma auxiliar de enfermagem também foi infectada, o diretor do hospital responsável pelo tratamento afirmou que o país terá superado o risco da doença no dia 27 de outubro caso nenhuma das pessoas que tiveram contato com ela apresente sintomas do ebola.