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Análise

Caso equilibra o jogo político, mas pouco ameaça a rede

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

Um ano após a crise que fechou o tabloide "News of the World" e acuou tanto o magnata Rupert Murdoch como o primeiro-ministro David Cameron, a crise na BBC equilibra o jogo no Reino Unido.

Murdoch perdeu poder de fogo, com o enfraquecimento de sua cadeia de jornais, e vem agindo mais via Twitter do que como publisher. Está em campanha para o primeiro-ministro intervir na rede.

"A bagunça da BBC dá a Cameron uma oportunidade de ouro para reorganizar", para "redesenhar", tuitou. Sócio minoritário da concorrente BSkyB, ele é um crítico de longa data da estatal e do seu financiamento público.

Também Cameron tira proveito. No capítulo do dia, uma fonte de seu escritório disse ao "Telegraph" que "o primeiro-ministro pensa que é difícil justificar" o dinheiro oferecido na BBC ao ex-diretor-geral George Entwistle.

Paralelamente, Boris Johnson, prefeito de Londres e sombra de Cameron no Partido Conservador, escreveu no "Telegraph" contra os que tratam a saída de Entwistle como um drama, por ele não ter responsabilidade direta.

"É trágico para nós!", dizem os jornalistas da BBC, que estão todos se entrevistando uns aos outros numa orgia de autopiedade", diz Johnson. "Sujar o nome de um homem inocente é a verdadeira tragédia aqui."

Ele se refere a Alistair McAlpine, o ex-político conservador que o "Newsnight" insinuou ser pedófilo, em reportagem que, por sua vez, visava reagir às críticas de que o programa da BBC havia ocultado outra reportagem sobre pedofilia, de uma estrela da própria rede.

Dia após dia, o caso lembra o escândalo do "News of the World", até pelo noticiário em capítulos. Uma diferença é que, antes capitaneada pelo "Guardian", agora a novela tem por narrador o jornal "Daily Telegraph".

Embora conservador, o "Telegraph" está fora da órbita de Murdoch -este, apesar de todo o barulho no Twitter, não tem como retomar a antiga influência. A busca de equilíbrio, que assusta a BBC, traz novos protagonistas.

Protagonistas que não estão dispostos a levar a crise atual ao limite de uma anterior e até maior na BBC -dez anos atrás, quando uma reportagem sobre o Iraque levou ao suicídio da fonte e à queda do diretor-geral e do próprio presidente da rede.

Da cobertura do caso aos políticos mais críticos, o que se cobra desta vez é atenção aos princípios elementares do jornalismo, como, por exemplo, ouvir o outro lado.


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