Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Gaza lança foguetes sobre Tel Aviv e mata 3 em Israel
Ação é uma resposta à morte de líder militar do Hamas em ataque israelense
É a primeira vez desde a Guerra do Golfo que maior área metropolitana do país entra em alerta de bombardeio por Gaza
No segundo dia de sua maior ofensiva militar na faixa de Gaza em quatro anos, Israel sofreu ontem a retaliação de grupos islâmicos, que lançaram dezenas de foguetes, mataram três israelenses e alvejaram a principal região metropolitana do país.
O ataque israelense, que começou na quarta com a execução do principal comandante militar do grupo islâmico Hamas em Gaza, se intensificou, atingindo cerca de 200 alvos em 24 horas.
Até a noite de ontem, o total de palestinos mortos havia chegado a 15. Entre eles, nove militantes de grupos radicais e seis civis, incluindo pelo menos três crianças.
Além de advertir que a ofensiva aérea está longe do fim, Israel ameaça expandi-la por terra. Ontem o ministro da Defesa, Ehud Barak, confirmou a convocação de 30 mil soldados da reserva.
Numa estrada do sul de Israel, a Folha acompanhou o movimento de um comboio com seis tanques a caminho de Gaza, em preparação para uma possível invasão.
O governo israelense, porém, não fala em derrubar o governo do Hamas. O objetivo declarado da ofensiva é limitado a restaurar o poder de dissuasão de seu Exército e mitigar a artilharia de Gaza.
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que instruiu o Exército a fazer "ataques cirúrgicos contra a infraestrutura terrorista em Gaza", a fim de devolver a segurança às comunidades na divisa.
"O Hamas e outras organizações terroristas em Gaza tornaram impossível uma vida normal para quase 1 milhão de israelenses", disse Netanyahu, afirmando que "nenhum governo" toleraria uma situação semelhante.
Inicialmente, como esperado, a segurança dos israelenses em torno de Gaza piorou com a escalada. Dois homens e uma mulher foram mortos quando um foguete atingiu um prédio de Kiriat Malachi, pequena cidade 20 km ao norte de Gaza.
"Vivemos sob bombardeio há anos", disse à Folha o prefeito da cidade, Moti Malcha, diante do rombo aberto pelo foguete no quarto andar.
"Mesmo sofrendo a retaliação, apoiamos totalmente a operação do Exército. Espero que ela não termine até alcançar seus objetivos."
Já era quase noite quando o alarme soou na região de Tel Aviv, confirmando o temor em Israel de que grupos de Gaza iriam retaliar com foguetes de maior alcance.
É a primeira vez desde a primeira Guerra do Golfo (1991) que a maior área metropolitana do país entra em alerta de bombardeio. Dois foguetes foram disparados, um caiu numa área aberta em Rishon Lezion, perto de Tel Aviv, e o outro, no mar.
Os mísseis Fajr, de fabricação iraniana, têm alcance de 75 km, suficiente para ameaçar a capital comercial de Israel, Tel Aviv. O Exército israelense disse que os ataques destruíram dezenas de Fajr, e minimizou os disparos de ontem contra Tel Aviv.
Em Gaza, eles foram comemorados como uma vitória pelo Jihad Islâmico, o grupo que assumiu sua autoria. "Ampliamos o alcance da batalha para chegar a Tel Aviv e o que está por vir será ainda maior", disse o grupo num comunicado.
A escalada em Gaza estremece ainda mais as relações de Israel com o Egito. Hoje, o premiê egípcio, Hisham Kandil, visitará Gaza, para mostrar o apoio do governo islâmico do Cairo ao Hamas.