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Análise

Visita é incentivo, mas ameaça de punição não deve ser retirada

DO “FINANCIAL TIMES”

Optar por receber um Estado pária de volta à comunidade internacional encerra riscos. A reabilitação mal avaliada de Muammar Gaddafi em 2003 apenas reforçou um déspota. Mas Barack Obama tomou a decisão certa ao abrir a porta a Mianmar com sua visita presidencial histórica.

Grupos de defesa dos direitos humanos atacaram o presidente americano por apressar-se a legitimar o governo de Mianmar, nominalmente civil, antes de reformas democráticas deitarem raízes.

O presidente reformista Thein Sein libertou centenas de prisioneiros, pôs fim à censura da mídia e permitiu o ingresso no Parlamento da Liga Nacional para a Democracia, de Aung San Suu Kyi.

Mas a ambivalência do governo diante de algo que, cada vez mais, parecem ser pogroms antimuçulmanos no Estado de Rakhine mostra que os direitos humanos estão longe de enraizados. E muitos prisioneiros políticos permanecem na prisão.

É justamente por essas razões que a viagem do presidente acontece no momento certo. Ela já levou a uma série de iniciativas novas na véspera de sua chegada.

Mas, para as reformas prosseguirem, é preciso que Sein mostre resultados concretos à velha guarda. Muitos integrantes dela ainda exercem influência no Parlamento e no governo. Há frustração pelo fato de os EUA terem suspendido as sanções, em vez de revogá-las. A primeira visita de um presidente americano constitui sinal muito público de que o apoio vai continuar a ser dado se o ritmo das reformas for mantido.

A ação de Washington não é altruísta. A visita de Obama é escala num giro asiático que visa promover os EUA como contrapeso à crescente influência da China. Empresas americanas estão ansiosas por aproveitar as oportunidades abertas com os ricos recursos naturais de Mianmar.

São considerações importantes, mas não podem deixar em segundo plano a necessidade urgente de pressionar o governo, especialmente quanto a direitos humanos.

A ação do governo na proteção das minorias étnicas que compõem 30% da população é muito fraca. Houve 200 mortos e mais de 100 mil pessoas deslocadas em razão da violência em Rakhine.

Pela primeira vez, Sein deu a entender que tratará do problema. Não se podem sacrificar os direitos humanos a interesses estratégicos e comerciais. Sanções afrouxadas podem ser reinstauradas.

O progresso democrático de Mianmar pode ser frágil, mas sua reabilitação também. Obama deu ao governo do país o incentivo de uma visita presidencial simbólica. Mas ainda não é hora de retirar a ameaça de punição.

Tradução de CLARA ALLAIN


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