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Analistas defendem 'modelo político chinês'

Para estudiosos, modo autoritário de renovação dos membros do Partido Comunista, como ocorrido neste mês, é vantajoso

Especialistas publicam artigo em que elogiam escolha de quadros do PC e chamam eleição de 'perda de tempo'

FABIANO MAISONNAVE DE PEQUIM

A recente troca na cúpula política do Partido Comunista reacendeu o debate entre os que defendem que a China tem ascendido no cenário internacional devido a um inovador sistema meritocrático e os que veem o país dominado por uma rede de famílias bem conectadas e relacionadas entre si por apadrinhamento e corrupção.

Um dos argumentos dos defensores do modelo chinês é que, no século 21, a dicotomia está entre boa e má governança, e não entre democracia e autoritarismo.

"A China desenvolveu a fórmula correta para escolher líderes políticos, coerente com sua história e cultura (...). Deve ser melhorada com base nessa fórmula, e não como uma democracia ocidental", escreveram Eric Li, um investidor americano, e o politólogo canadense Daniel Bell no "Financial Times".

Os autores definem a China como "meritocracia no topo, democracia na base [devido a eleições locais] e experimentação no meio". Para eles, realizar eleições em que uma pessoa vale um voto é problemático, já que muitos eleitores não têm capacidade para analisar o que é melhor para o "bem comum".

"O PC escolhe candidatos a filiados entre os melhores alunos das melhores universidades. Eles são submetidos a seguidas avaliações para avançar na cadeia de comando (...). As vantagens são claras. Os quadros do partido são colocados num difícil processo de escolha de talento, e só aqueles com performance excelente alcançam os níveis mais altos. Em vez de perder dinheiro e tempo em campanha por votos, os líderes podem melhorar conhecimentos e performance."

O sistema meritocrático teria evitado a ascensão do republicano George W. Bush, escreveu Zhang Weiwei, professor de relações internacionais, no "New York Times".

Em contraste, argumenta, o novo líder chinês, Xi Jinping, 59, passou anos no comando de três importantes e distintas regiões do país, que, somadas, têm população de 120 milhões e uma economia maior do que a da Índia.

Para os críticos do modelo chinês, no entanto, a escolha dos membros do Comitê Permanente, anunciados na semana passada, envolve forte relação de apadrinhamento e laços familiares -dos sete integrantes da instância máxima de poder, quatro vêm de famílias com importância histórica na China comunista e cinco foram chancelados pelo octogenário ex-líder Jiang Zemin (1993-2003).

"O mais impressionante em Chongqing foi ver como tudo é ligado ao apadrinhamento, como se fosse um reino", diz o jornalista australiano John Garnaut, autor do livro "The Rise and Fall of the House of Bo" (ascensão e queda da Casa de Bo), sobre o recente escândalo envolvendo o ex-dirigente Bo Xilai, que, como Xi, é um "pequeno príncipe" -filhos dos líderes históricos do partido.

"O argumento meritocrático não é completamente morto, mas é muito difícil alegar que a China é melhor de alguma forma em alocar espaços políticos comparada a outros países", acrescenta.

Outro argumento citado contra a suposta meritocracia é a presença feminina: dos 205 membros votantes no Comitê Central do PC, só 5% são mulheres. Na história da China comunista, nunca houve mulher ou representante de minorias (8% da população) no Comitê Permanente.


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