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Protesto reúne mais de 100 mil no Egito

Manifestantes ocupam praça Tahrir, no Cairo, contra decretos em que o presidente Mohamed Mursi se deu superpoderes

Acordo de anteontem com juízes não acalmou revolta; Irmandade Muçulmana é acusada de 'roubar a revolução'

Mohamed Abd El Ghany/Reuters
Manifestantes contrários ao presidente do Egito, Mohamed Mursi, entoam slogans antigoverno na praça Tahrir (Cairo)
Manifestantes contrários ao presidente do Egito, Mohamed Mursi, entoam slogans antigoverno na praça Tahrir (Cairo)
MARCELO NINIO DE JERUSALÉM

Numa demonstração de força da oposição egípcia, mais de 100 mil pessoas tomaram ontem a praça Tahrir, no centro do Cairo, em protesto contra os superpoderes assumidos por decreto pelo presidente, Mohamed Mursi.

Foi também a comprovação de que o acordo negociado por Mursi anteontem com juízes do Supremo, em que teria aceito limitar os poderes, não acalmou a revolta contra o presidente.

A oposição acusa a Irmandade Muçulmana, de Mursi, de conduzir o país a uma nova autocracia, menos de dois anos depois da queda do ditador Hosni Mubarak.

"A Irmandade roubou a revolução", dizia uma faixa estendida na praça Tahrir, berço do movimento que pôs fim a seis décadas de ditadura militar. Milhares de vozes ecoaram os gritos dos protestos anti-Mubarak, num raro momento de união da oposição.

"Fora! Abaixo o regime", exigiam. Houve confronto com a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo. Em uma semana de confrontos, duas pessoas morreram e centenas ficaram feridas.

É o fim oficial da tensa trégua que havia no Egito entre a Irmandade e seus opositores desde a vitória de Mursi, nas eleições de junho. Depois de vencer com só 51,7% dos votos, Mursi assumiu um país profundamente dividido.

Os decretos que colocaram os poderes do presidente acima dos das altas cortes reforçaram a desconfiança e a paranoia de muitos egípcios de que a Irmandade planeje impor uma ditadura islâmica.

Os partidários de Mursi afirmam que os superpoderes são apenas temporários, lembram que o Supremo é dominado por juízes nomeados por Mubarak e defendem os decretos como única forma de concluir a transição.

Na noite de segunda, o porta-voz de Mursi anunciou um acordo com os juízes, afirmando que a blindagem do presidente só se aplicaria a "questões de soberania".

Ele acrescentou que o decreto não foi alterado, deixando claro que o presidente não voltaria atrás. A crise ameaça paralisar o Judiciário, com uma greve de juízes que já dura quatro dias.

No trecho que mais assustou os opositores, o decreto diz que o presidente pode tomar "todas as ações necessárias para proteger o país e os objetivos da revolução", fazendo lembrar as leis de emergência da era Mubarak.

No calor dos protestos, a revogação dos decretos deixou de ser a única exigência dos opositores. Eles querem a dissolução da Constituinte, dominada por islamitas.

"Não confiamos nem um pouco na Irmandade Muçulmana", disse Emad Gad, líder de um partido secular. "Eles estão sempre manobrando e mentindo."


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