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Após pressão, Supremo egípcio faz greve

Juízes interrompem atividades por tempo indeterminado após islamitas bloquearem acesso a tribunal no Cairo

Manifestação impede realização de uma sessão que analisaria a legitimidade da nova Constituição do país

Mahmoud Khaled/AFP
Manifestantes pró-governo protestam em frente à Suprema Corte Constitucional no Cairo sob o olhar de policiais
Manifestantes pró-governo protestam em frente à Suprema Corte Constitucional no Cairo sob o olhar de policiais
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Pressionada por manifestantes pró-governo, a Suprema Corte Constitucional do Egito anunciou ontem a interrupção por tempo indeterminado de suas atividades, agravando a instabilidade no país do norte da África.

A decisão foi tomada após juízes que deliberariam sobre a legitimidade da assembleia que aprovou o rascunho da nova Constituição do país terem sido impedidos de realizar a sessão por manifestantes favoráveis ao presidente islamita Mohamed Mursi.

Em nota, a Suprema Corte classificou o episódio como "o mais obscuro na história da Justiça egípcia" e disse que os magistrados só voltarão a trabalhar quando não forem mais vítima de "pressões psicológicas e físicas".

O comunicado diz ainda que os juízes foram impedidos de realizar a sessão de ontem devido ao clima de insegurança gerado pela presença de milhares de pessoas que cercaram o tribunal, a maioria islamitas.

Muitos manifestantes acusavam os juízes de serem leais ao ex-ditador Hosni Mubarak, que deixou o poder em janeiro de 2011, e de tentar desestabilizar o governo Mursi.

Além da legitimidade da Assembleia Constituinte, eles analisariam um pedido de anulação da câmara alta do Parlamento.

A vice-presidente do tribunal, Tahani el Gebali, disse que houve rumores de que a multidão iria atear fogo ao prédio e que os juízes foram ameaçados de morte.

Com a decisão de suspender suas atividades, a Suprema Corte Constitucional se une a outras esferas judiciais que já estavam em greve em protesto a decretos presidenciais editados em 22 de novembro.

Os textos tornaram as decisões de Mursi imunes a contestações judiciais, além de protegerem da dissolução a Assembleia Constituinte e o Parlamento do país.

A edição dos decretos levou às ruas milhares de manifestantes contrários e favoráveis ao presidente.

A situação se agravou ainda mais depois que o esboço da Constituição foi aprovado às pressas na última sexta-feira -antes, portanto, da sessão da Suprema Corte que avaliaria a legitimidade da composição da assembleia.

Nas semanas que antecederam a votação da Carta Magna, deputados liberais opositores do governo abandonaram gradativamente a assembleia, alegando não ter vez entre a maioria islamita.

A Constituição é alvo de crítica de opositores por fazer referência à sharia (lei islâmica), manter o poder de militares e não garantir os direitos femininos, entre outros.

Segundo Mursi, o texto irá para referendo popular no dia 15. A oposição diz que, com isso, o presidente quebra a promessa de só realizar a consulta após consenso.

O ganhador do Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, do oposicionista Partido da Constituição, disse que a decisão de Mursi levará o país a uma crise sem precedentes.

Em resposta aos últimos acontecimentos, partidos da oposição e grupos de ativistas convocaram a população para uma marcha até o palácio presidencial do Cairo amanhã.


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