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Papéis mostram ação do Brasil para pôr fim a conflito

DE LONDRES

Em telefonema para Margaret Thatcher, o então presidente americano Ronald Reagan (1981-89) disse ter apoio do Brasil para negociar a interrupção da Guerra das Malvinas antes da "humilhação total" da Argentina.

A conversa entre a Casa Branca e Downing Street, sede do governo britânico, ocorreu no fim da noite de 31 de maio de 1982. A ditadura argentina anunciaria a rendição duas semanas depois.

Segundo um documento divulgado ontem pelo Arquivo Nacional britânico, o telefone de Thatcher tocou às 23h30, horário de Londres.

Reagan disse a ela que o então presidente brasileiro, general João Figueiredo, concordava que era preciso parar logo o conflito. Os dois presidentes haviam se encontrado duas semanas antes.

O americano sugeriu a Thatcher decretar o cessar-fogo e passar o controle das Malvinas para uma tropa de paz internacional. Ela recusou com o argumento de que o Reino Unido foi atacado e perdeu muitos soldados na guerra.

Na conversa, Reagan argumentou que os EUA queriam evitar a volta de um governo peronista na Argentina. Washington apoiou o Reino Unido, mas mantinha aliança com as ditaduras militares que dominavam quase toda a América do Sul.

O governo Figueiredo deu apoio velado a Galtieri na guerra, mas manteve posição formal de neutralidade.

Em outros papéis liberados ontem, o então embaixador britânico em Brasília, George Harding, acusa o governo brasileiro de fazer vista grossa ao tráfico de armas da Líbia de Muammar Ghaddafi para a ditadura argentina.

Ele relata uma viagem sigilosa a Recife, onde teria ouvido de um informante que os argentinos escondiam mísseis em caixas de madeira dentro de Boeings 707 da Aerolineas Argentinas.

TRÍPOLI

Os aviões tiveram permissão da Aeronáutica para reabastecer em território brasileiro no caminho entre Trípoli e Buenos Aires.

O caso veio à tona em março deste ano com a liberação de documentos da ditadura guardados no Arquivo Nacional em Brasília.

Os papéis liberados ontem em Londres ainda registram a intensa pressão da diplomacia britânica para liberar um bombardeiro Vulcan que ficou retido na base aérea do Galeão, no Rio, após invadir o espaço aéreo brasileiro.

O avião militar sofreu uma pane sobre o Atlântico e teve que fazer um pouso de emergência no Brasil.

Em telegrama confidencial, o embaixador Harding disse que a demora em liberar o Vulcan refletia a proximidade entre as ditaduras do Brasil e da Argentina.

PROMESSA

O impasse foi resolvido depois de alguns dias, e o avião teve autorização para decolar sem armamento e mediante a promessa de que não seria mais usado na guerra.

(BMF)


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