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Rebeldes sírios libertam 48 iranianos presos desde agosto
Em troca, Damasco prometeu soltar mais de 2.000 prisioneiros ligados à oposição; Irã é principal aliado do ditador Assad na região
Rebeldes sírios libertaram ontem 48 cidadãos iranianos que haviam sido capturados em agosto sob a acusação de ser agentes secretos a serviço do ditador Bashar Assad. Em troca, o regime de Damasco prometeu soltar 2.130 prisioneiros ligados à oposição.
A operação é a primeira grande troca de prisioneiros desde o início do conflito que opõe há quase dois anos insurgentes apoiados por países árabes e Turquia ao Exército de Assad, aliado do Irã.
Os iranianos chegaram ao hotel Sheraton de Damasco a bordo de seis vans e foram recebidos com beijos e abraços pelo embaixador da República Islâmica, que entregou uma rosa a cada um.
O Irã agradeceu a dois de seus maiores rivais regionais, Turquia e Qatar, pelas gestões junto aos rebeldes sírios que resultaram na libertação.
O acordo foi obtido após Teerã convencer Assad a soltar prisioneiros sírios e estrangeiros sob custódia do seu regime. Havia mulheres e crianças entre os libertados, segundo Louay Moqdad, porta-voz rebelde mencionado pelo "Washington Post".
Moqdad criticou o ditador por priorizar o caso de dezenas de iranianos em vez de se preocupar com a grande quantidade de soldados sírios ainda em poder dos insurgentes: "Provou que não passa de marionete do Irã".
A ONG islâmica turca Fundação de Amparo Humanitário disse ter sido responsável por realizar a troca de presos.
Até hoje não está claro o que os iranianos faziam na Síria. Eles foram capturados a bordo de um ônibus na periferia de Damasco. Segundo o Irã, eram peregrinos a caminho do santuário de Sayda Zineb, onde está enterrada a neta do profeta Maomé.
Mas grupos armados rebeldes afirmaram que os capturados eram da Guarda Revolucionária, a força de elite do Irã, responsável por operações militares no exterior.
DOCUMENTOS MILITARES
A tese das forças anti-Assad ganhou força depois que elas divulgaram um vídeo no qual os iranianos ostentam documentos de identidade militar. Os insurgentes ameaçaram executá-los.
Em resposta, o governo iraniano disse que alguns dos prisioneiros eram ex-integrantes da Guarda, hoje aposentados. Teerã nega qualquer envolvimento militar no conflito sírio, que já matou 60 mil, segundo a ONU.
Em recente voo de Teerã a Damasco, a Folha observou que boa parte dos passageiros eram membros do governo iraniano, identificados pelo passaporte diplomático.