Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise

Na era do celular no bolso, reter a informação é tarefa diabólica

RONALDO LEMOS COLUNISTA DA FOLHA

Em 2004, a revista de tecnologia "Wired" anunciava a chegada da era da "transparência radical". Se você tem um segredo, seja como empresa, governo ou indivíduo, a chance é de que ele, cedo ou tarde, torne-se público.

Em um mundo em que as pessoas vão ao trabalho carregando no bolso capacidade de armazenamento de vários gigabytes em seus smartphones, segurar a informação é tarefa diabólica.

Sabendo disso, governos autoritários e mesmo democráticos têm usado várias estratégias para coibir os "whistleblowers": integrantes do próprio governo que vazam informações privilegiadas.

Uma delas é a militarização dos casos de vazamento. Foi o que aconteceu com o ex-agente da CIA John Kiriakou.

Ele foi processado inicialmente com base na Lei de Espionagem, criada em 1917 após a Primeira Guerra, que prevê pena de morte ou prisão perpétua. Isso forçou Kiriakou a fazer acordo com a Promotoria: aceitou declarar-se culpado por outra lei mais branda e foi condenado a dois anos e meio de prisão.

Só que Kiriakou é chamado de herói por muitos ativistas de direitos humanos, ao expor práticas de tortura.

Além da militarização, os EUA e outros governos vêm recorrendo a bodes expiatórios. Desde 2009, cinco outros servidores foram punidos pela gestão Obama.

Isso desestimula novos "whistleblowers", dificultando a atuação da imprensa e criando redutores de velocidade para a alardeada "era da transparência".

Casos como esse acabam jogando uma bomba de fumaça na questão crucial, muitas vezes esquecida: governos não devem ter expectativa de privacidade. Exceto em casos muito excepcionais, a regra deve ser efetivamente a transparência.

Mesmo que seja radical.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página