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Pressão islamita no país é fator de instabilidade pós-revolução

ROULA KHALAF DO “FINANCIAL TIMES”

Por mais que o Ocidente deseje que as sociedades árabes produzam líderes com os quais se sinta confortável, o tumulto na região nos dois últimos anos permitiu o surgimento de agentes políticos menos agradáveis.

Os mais preocupantes são os salafistas, seita sunita ultraconservadora cujo objetivo é estabelecer a sharia [lei islâmica].

A ascensão dos salafistas é vista pelos árabes que preferem uma política laica como maior ameaça à democratização da região, e a visão ao estilo saudita adotada pelo movimento é considerada especialmente prejudicial ao desenvolvimento dos direitos das mulheres.

Na última década, países como Marrocos, Tunísia e Síria reprimiram a maior parte das variantes dessa ideologia. Mas outros, como o Egito, adotaram uma abordagem mais complexa, com campanhas repressivas eventuais, mas também usando o movimento para combater grupos mais maduros e convencionais como a Irmandade Muçulmana.

Sob o regime de Hosni Mubarak, antes de sua derrubada no Cairo, foram criadas estações de TV salafistas e alguns dos pregadores que estrelam seus programas tornaram-se conhecidos, atraindo seguidores especialmente entre os pobres.

Os salafistas também recorreram a táticas parecidas com as da Irmandade Muçulmana, criando organizações de caridade que oferecem serviços sociais em áreas pobres.

No Egito, o amplo movimento social que existia antes da revolução de 2011 deu origem a partidos políticos salafistas. O maior deles, o Nour, conquistou mais de 25% dos votos nas primeiras eleições legislativas democráticas do país, em 2011.

A batalha dos salafistas no Egito gira basicamente em torno da conquista de votos e da pressão por uma agenda mais islâmica no processo constituinte.

Os progressistas expressaram indignação por o texto colocado em votação em dezembro dar aos líderes religiosos alguma influência sobre a interpretação da lei e não oferecer garantias suficientes quanto a direitos iguais para as mulheres.

Alguns políticos salafistas apelaram por uma redução na idade em que casamento é permitido, o que irritou ainda mais as organizações feministas.

Na Tunísia, os salafistas são menos numerosos e menos organizados, fatores que segundo os analistas explicam a atitude mais agressiva com relação às mulheres.

Embora ninguém argumente sobre a necessidade de atitudes mais duras por parte de governos contra os salafistas acusados de violência, é o tratamento do movimento em longo prazo que representa um dilema.


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