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Terror na África

Ações no norte do continente envolvem grupos islâmicos, alguns descritos como franquias da Al Qaeda, e tuaregues. Imposição da sharia é um dos objetivos dos combatentes, como vem ocorrendo no Mali

Extremistas deixaram sem enterro cadáveres militares

Radicais islâmicos abandonaram corpos de soldados malineses abatidos em Konna, cidade que foi retomada pelo Exército francês

GRACILIANO ROCHA ENVIADO ESPECIAL A KONNA (MALI)

A guerra do Mali entrou na terceira semana com os franceses encurralando combatentes ligados à Al Qaeda em Gao (1.200 km de Bamaco), um dos principais bastiões dos rebeldes que ocupam o norte do país.

Desde 11 de janeiro, os franceses retomaram duas cidades do centro do país - Konna e Diabali -seguindo a mesma fórmula: ataques aéreos antes de ocupar as zonas urbanas com blindados e, depois, entregar as áreas para o Exército malinês.

Em Konna (720 km de Bamaco), um ataque aéreo francês matou uma mulher e três crianças de uma mesma família que estavam dentro de casa no primeiro dia dos combates pelo controle da cidade.

Haminata Maiga, 40, seus filhos Adama, 10, e Zemebou, 6, e o sobrinho, Aliou, 11, estavam num pequeno cômodo de adobe quando o bombardeio varreu a vizinhança.

"Pensamos que era mais seguro", contou à Folha Souleymane Maiga, 21. Ele estava no pátio e escapou com um tiro de raspão no tornozelo.

O bombardeio ocorreu no dia 11, um dia após radicais islâmicos do grupo Ansar Din expulsarem os soldados de Mali. Eram ao menos 200 combatentes com metralhadoras em caminhonetes.

Os jihadistas fizeram de base um prédio do governo e controlaram a cidade. Na noite de 10 de janeiro, eles reuniram multidão na mesquita local para dizer que os soldados malineses mortos não precisavam ser enterrados porque eram como "cães".

"Mas disseram que não criariam problemas se alguém quisesse sepultá-los", disse Mamadou Fofanan, 36.

No dia seguinte, 20 civis estavam na estrada que cruza a cidade para recolher os corpos quando um helicóptero surgiu disparando. Ao menos duas pessoas teriam morrido.

Durante as duas horas que esteve em Konna, no sábado, junto com um grupo de jornalistas estrangeiros, a Folha contou seis veículos usados pelos rebeldes calcinados.

O Exército de Mali liberou o acesso a jornalistas só duas semanas depois do início das lutas. Mas o período foi limitado e nenhuma autoridade informou quantos militares de Mali e jihadistas morreram.

Moradores disseram que corpos de insurgentes foram jogados em cova rasa na outra margem do Niger.

Segundo o prefeito de Konna, Demba Samouka, onze civis morreram nos combates. Quem sobreviveu reclama da omissão das autoridades.

Num quarto da casa do pescador Malek Siboulier, uma parede desabou após ser atingida por um obus disparado por rebeldes, que não explodiu. "Já pedi 15 vezes para retirarem isso daqui, mas só me mandaram fechar o quarto. Não conseguimos dormir ao lado de uma bomba."


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