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Chile cresce, mas rejeição ao governo é alta

Bons índices econômicos não melhoram aprovação do presidente Piñera; oposição é favorita na eleição de novembro

Desigualdade social e falta de habilidade do governo na crise com os estudantes são vistas como fatores de rejeição

SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

O cartão-postal mais típico de Santiago sempre foi o da cidade encravada na cordilheira dos Andes. Visíveis desde o momento em que o avião começa a baixar de altitude para aterrissar na capital chilena, picos gelados e altas montanhas agora competem com outro elemento.

Inaugurado em junho de 2012 no bairro de Providencia, o shopping Costanera Center é uma das maiores torres da América Latina (300 m de altura) e pertence ao grupo de lojas de departamentos e supermercados Cencosud.

As torres à beira do rio Mapocho começaram a ser construídas 15 anos atrás. "São a expressão máxima do momento econômico do Chile: modernas, altas, exuberantes, mas irresponsáveis socialmente. São torres para os ricos, enquanto nas províncias os frutos do crescimento econômico não chegam", diz à Folha Hector Acuña, dono de uma livraria do bairro.

O Chile foi o país latino-americano com o conjunto de melhores índices econômicos de 2012. Com um crescimento de 5%, o desemprego caindo pela metade (5%) nos últimos seis anos, a inflação a 3% e posicionado em terceiro lugar em investimentos estrangeiros (depois de Brasil e México), o Chile possui baixíssimos índices de corrupção e instituições sólidas.

"O modelo chileno, baseado em fomentar as exportações, inserir-se na economia global e não mudar de políticas econômicas com cada troca de governo, foi mais exitoso em reduzir a pobreza que os líderes populistas radicais que se autoproclamam campeões dos pobres", diz o analista Andrés Oppenheimer.

Mas esses indicadores não se traduzem em fortalecimento do governo. O presidente conservador Sebastián Piñera enfrenta uma séria crise de popularidade, em torno dos 30% em 2012. Em outubro, a Alianza, coalizão de partidos de direita a que Piñera pertence, perdeu a hegemonia nas eleições municipais.

Agora, ela se vê ameaçada pelo crescimento da Concertação, aliança que governou o Chile por 20 anos depois do fim da ditadura de Pinochet.

Em novembro, ocorrem novas eleições, e a ex-presidente Michele Bachelet (2006-2010) já tem 49% da preferência dos eleitores chilenos para voltar ao poder. O segundo nas pesquisas é o candidato de Piñera, o ex-ministro das Minas Laurence Golborne, um dos responsáveis por salvar os 33 mineiros presos na mina San José em 2010.

"A contradição entre os bons números da economia e o enfraquecimento do governo está relacionada ao fato de que não foi possível a Piñera neutralizar os problemas políticos", afirma o analista Guillermo Hollzman.

A falta de habilidade do presidente para superar a crise com os estudantes, em 2011, é apontada como um dos fatores de seu fracasso.

Na ocasião, um protesto tomou as ruas, reivindicando uma reforma no sistema educacional. No Chile, a educação é privada. Seguiram-se protestos de outros setores, que se queixavam de não ser representados pelo governo.


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