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País vive momento de mudança, diz prefeita

DA ENVIADA A SANTIAGO

O Museo de la Memória de Santiago começa um ano de intensa atividade. O golpe de 11 de setembro de 1973 faz 40 anos, e 2013 será cheio de eventos em memória dos acontecimentos que deram início à ditadura (1973-1990).

É nesse espaço, inaugurado pela então presidente Michele Bachelet em 2010, que Carolina Tohá recebe a Folha.

Tohá, 47, prefeita de Santiago, é um nome em ascensão. Filha de um líder socialista e ex-ministro de Allende morto na ditadura, foi ministra de Bachelet e considera que o Chile vive um momento de transformação política. Leia trechos da entrevista. (SC)

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Folha - Como se explica o desgaste do atual governo?

Carolina Tohá - O Chile viveu 20 anos de estabilidade pós-ditadura com a Concertação. Mas parte da sociedade não sentia que suas preocupações eram contempladas. Por isso a direita voltou com tanta força. Ocorre que Piñera não teve capacidade de canalizar essas necessidades.

A Concertação é mais hábil?

Muito mais. Mas não podemos nos reduzir à continuidade do que fazíamos. É uma etapa distinta da democracia. O fato de a Concertação estar voltando não significa que as pessoas não queiram mudar.

Como explicar a insatisfação com Piñera, apesar dos bons números da economia?

Há alguns anos temos esse desempenho, mas está claro que ele não consegue reduzir as diferenças sociais nem a desigualdade no acesso aos benefícios, como a educação.

Você tem uma trajetória parecida com a de Bachelet.

Compartilhamos princípios e temos a história de nossos pais em comum. Tanto o dela (general Alberto Bachelet) como o meu (José Tohá González) foram presos e torturados durante o regime.

Meu pai morreu em 1974, só seis meses depois do golpe de Estado. Os dois eram vizinhos de quarto no hospital militar. Depois trabalhamos juntas no governo, me considero parte do bacheletismo.

O caso de seu pai foi revisto pela Justiça [que reconheceu o assassinato]. Como vê os direitos humanos no Chile hoje?

A política de direitos humanos segue um lentíssimo, mas persistente caminho. Começou discreta nos anos 90, cresceu após a prisão de Augusto Pinochet em Londres (1998) e manteve um ritmo.

E há coisas como este museu, criado no governo Bachelet, mas cuja atividade Piñera estimulou e manteve. Hoje, um governo de direita que assuma o país não pode apagar essa história. Até pouco tempo atrás, não era assim.

Mas o pinochetismo segue.

Sim, mas seus últimos representantes, os mais radicais, estão saindo de cena.


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