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Análise

Dias de euforia árabe parecem parte de um passado distante

KENNETH ROTH ESPECIAL PARA O “GUARDIAN”

POR MAIS DIFÍCIL QUE SEJA PÔR FIM A UM GOVERNO ABUSIVO, TALVEZ MAIS DURO AINDA SEJA ERGUER UMA DEMOCRACIA QUE RESPEITE DIREITOS

Dois anos se passaram desde que tiveram início as revoltas árabes, e aqueles dias iniciais de euforia instigante são algo do passado distante.

Desde então assistimos à ascensão de forças islâmicas, que, muitos temem, citarão a religião para ameaçar os direitos de mulheres, minorias e dissidentes.

Forças de segurança vão continuar a se exceder, como na resposta do Egito aos tumultos recentes.

Descobriu-se que, por mais difícil seja pôr fim a um governo abusivo, talvez seja mais difícil ainda erguer uma democracia que respeite os direitos humanos, partindo de um legado de repressão.

Não chega a surpreender que os vitoriosos de uma revolução, longamente oprimidos pelo velho regime, ao finalmente chegarem ao poder não queiram ouvir falar em novas restrições.

Mas uma democracia que respeita os direitos humanos é diferente de um governo majoritário sem restrições.

A nova Constituição do Egito é repleta de brechas que, dependendo da interpretação, podem colocar em risco os direitos fundamentais.

Os direitos das mulheres vêm sendo fonte de divergências especiais.

Em toda a região, alguns argumentam que são uma imposição ocidental, algo que não condiz com o islã ou a cultura árabe.

Mas as leis internacionais de direitos humanos não impedem as mulheres de terem um estilo de vida islâmico ou conservador, desde que o façam por vontade própria.

Os novos governos cederam ainda à tentação de suprimir discursos críticos, que insultem grupos ou ofendam sentimentos religiosos.

No Egito, um juiz já convocou para interrogatório 16 jornalistas e apresentadores de TV, além de três ativistas políticos e um advogado de direitos humanos, acusados de "insultar o Judiciário".

Para resistir a essas tentações são necessários Judiciários independentes e fortes, dotados de respeito saudável pela liberdade de expressão.

Alguns argumentam que depois que os islamitas conquistam o poder, não se pode confiar que o cedam novamente.

Mas duas décadas atrás, quando os militares da Argélia se basearam nesse argumento para sustar eleições que os islamitas estavam prestes a vencer, o resultado não foi democracia, mas uma década de guerra civil.


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