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Papa cabeça

Veja filmes e livros que retratam o universo dos papas e podem ajudar a entender melhor a atual transição no Vaticano

REINALDO JOSÉ LOPES DE SÃO PAULO

Por sorte, nem só de Dan Brown vivem a literatura e o cinema que versam sobre o papado.

É difícil dizer se o autor de "Anjos e Demônios" escorrega mais nas invencionices históricas ou no estilo literário não exatamente brilhante.

Best-seller por best-seller, é melhor ficar com "As Sandálias do Pescador", do australiano Morris West (1916-1999). O romance, aliás, também virou filme, estrelado por Anthony Quinn, em 1968.

A narrativa tem algo de profético, já que aborda a eleição de um papa da Europa Oriental, ex-prisioneiro do regime soviético, cujo esforço diplomático é essencial para evitar uma catástrofe nuclear -tudo isso mais de uma década antes da eleição do polonês Karol Wojtyla (João Paulo 2º) e do papel que exerceu no fim do comunismo.

A influência ambígua dos pontífices sobre a história do século 20 aparece de forma ainda mais clara no filme "O Escarlate e o Negro", de 1983, e na biografia "O Papa de Hitler", publicado em 1999 pelo britânico John Cornwell.

No filme, o papa Pio 12 (John Gielgud) é pressionado pela ocupação nazista de Roma em 1943, mas, com a anuência do pontífice, um clérigo irlandês, o monsenhor Hugh O'Flaherty (Gregory Peck), usa recursos do Vaticano para ajudar judeus e prisioneiros de guerra aliados.

Cornwell, por sua vez, argumenta que Pio 12 (cujo pontificado durou de 1939 a 1958) poderia ter feito muito mais para enfrentar os nazistas, mas teria escolhido se omitir.

Ele também diz que, antes de Pio 12 se tornar papa, seu papel como núncio apostólico (diplomata do Vaticano) na Alemanha e como secretário de Estado da Santa Sé teria sido essencial para que a igreja fizesse as pazes com o regime de Hitler e, assim, eliminasse a oposição dos católicos alemães ao nazismo.

Outros historiadores, dentro e fora da igreja, opõem-se às conclusões de Cornwell.

O cinema retratou ainda um dos papas mais controversos do Renascimento, Júlio 2º, que governou a Igreja de 1503 a 1513 e se notabilizou por liderar os Exércitos pontifícios em pessoa -vestindo uma armadura de prata, segundo as crônicas da época.

Em "Agônia e Êxtase", filme de 1965 indicado a cinco Oscars, Júlio (Rex Harrison) é o responsável por encomendar as famosas pinturas da Capela Sistina e trava uma guerra de egos com o artista Michelangelo (Charlton Heston).

VIDA DE JESUS

Uma das maneiras mais fáceis e proveitosas de conhecer o pensamento do atual papa é ler sua trilogia de livros sobre a vida de Cristo, publicada depois que Joseph Ratzinger se tornou Bento 16.

As obras -"Jesus de Nazaré", "Jesus de Nazaré: da Entrada em Jerusalém até a Ressurreição" e "A Infância de Jesus" (todos pela editora Planeta)- são, ao mesmo tempo, uma reflexão teológica pessoal do pontífice sobre o significado da vida de Jesus e sua tentativa de mostrar que os Evangelhos são historicamente confiáveis.

Seu ponto central é que os historiadores modernos teriam errado ao retratar o Nazareno como simples filósofo ou revolucionário político.

As finanças do Vaticano, nem sempre marcadas pela lisura, são um dos temas do filme "O Poderoso Chefão 3". No filme, a família mafiosa dos Corleone está envolvida numa tentativa de adquirir uma imobiliária parcialmente controlada pela igreja.

O cardeal Lamberto, recém-eleito papa, manifesta-se a favor do negócio, mas acaba sendo assassinado. O caso foi inspirado na misteriosa morte do papa João Paulo 1º, em 1978.

Finalmente, se o próximo papa ficar temeroso diante da enormidade da nova função, pode assistir a "Habemus Papam", comédia de 2011 do italiano Nanni Moretti. Na trama, o eleito, cardeal Melville, não tem coragem de aparecer no balcão para saudar o povo na praça São Pedro.


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