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TRANSIÇÃO NA IGREJA

Acusação de assédio tira cardeal de conclave

Reino Unido não terá representante na eleição do sucessor de Bento 16

O escocês Keith O'Brien foi acusado de ter mantido contatos 'impróprios' com sacerdotes, diz jornal

BERNARDO MELLO FRANCO ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Às vésperas da despedida do papa Bento 16, um novo escândalo sexual agravou a crise na Igreja Católica e derrubou ontem o cardeal mais importante do Reino Unido.

O Vaticano confirmou que o escocês Keith O'Brien, 74, está fora do conclave que elegerá o novo pontífice até o fim do mês de março.

No domingo, o jornal britânico "The Observer" revelou que quatro religiosos o acusaram de assediá-los durante a década de 1980.

O cardeal negou os relatos de "comportamento impróprio" na sacristia, mas afirmou, em nota, que pede desculpas por suas "falhas" a "todos a quem ofendeu".

Ele disse ter apresentado pedido de renúncia ao posto de arcebispo de St. Andrews e Edimburgo, o mais alto da igreja na Escócia, por motivos de idade e antes de a reportagem ser publicada.

No entanto, deixou claro que só pretendia sair após seu aniversário de 75 anos, no próximo dia 17, e informou que a decisão de afastá-lo antes do conclave foi tomada ontem pelo próprio papa.

"Peço a bênção de Deus aos meus irmãos cardeais que vão se reunir em breve em Roma", escreveu. "Não vou me juntar a eles em pessoa."

O'Brien elogiou Bento 16, a quem disse desejar uma aposentadoria "longa e feliz", e buscou se mostrar de acordo com a decisão de excluí-lo da escolha do novo pontífice.

"Não quero que as atenções da mídia em Roma fiquem focadas em mim, e sim no papa Bento 16 e em seu sucessor", afirmou o cardeal.

De acordo com o "Observer", três sacerdotes e um ex-padre disseram ter sido assediados pelo escocês, que usaria orações noturnas para forçar contatos "impróprios".

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, evitou comentar as acusações e endossou a versão de que o cardeal pediu afastamento por sua idade avançada.

O episódio representa uma mudança de atitude da Santa Sé, acusada por críticos de fechar os olhos às suspeitas de que o cardeal Roger Mahony, ex-arcebispo de Los Angeles, teria encoberto casos de pedofilia nos EUA.

O caso de O'Brien foi considerado mais grave porque ele é acusado de se envolver diretamente num escândalo sexual na igreja.

Com a baixa, o Reino Unido ficou sem representantes no conclave.

DOSSIÊ

Num dos últimos compromissos à frente da igreja, Bento 16 recebeu ontem os três cardeais que investigaram o vazamento de informações confidenciais do Vaticano.

Ele decidiu que o dossiê sobre o caso ficará em segredo até ser entregue ao novo papa -ou seja, não será distribuído aos participantes do conclave, como se esperava.

Segundo o jornal italiano "La Repubblica", o documento teria influenciado a opção do papa pela renúncia ao descrever uma trama de corrupção, disputa política e até uma rede de prostituição homossexual que estaria em funcionamento na Santa Sé.


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