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Opinião

Aliança de esquerda e Berlusconi é opção para sair de impasse

União de adversários históricos parece improvável, mas há exemplos recentes, como o da Alemanha

WOLFGANG MÜNCHAU DO “FINANCIAL TIMES”

Houve um momento simbólico na eleição italiana no qual ficou claro que as coisas não correriam bem para Mario Monti, o primeiro-ministro derrotado.

Foi quando, em meio à campanha -e em meio à rebelião popular contra a elite do país-, ele decidiu ir a Davos para se reunir com seus amigos no mundo internacional das finanças e política.

Essa visita a um evento de elite nas montanhas suíças não se tornou questão na campanha, mas serviu para sinalizar uma falta quase cômica de realismo político da parte dele.

O retorno ao realismo veio anteontem. Foi brutal, mas não inteiramente inesperado.

Pier Luigi Bersani, o candidato de centro-esquerda, não conseguiu vitória completa na eleição -nem mesmo em coalizão com Monti, ao contrário das previsões.

Os partidos de Silvio Berlusconi, o predecessor direitista de Monti, e do populista Beppe Grillo conquistaram, somados, a maioria do Senado.

O sistema eleitoral italiano permite maiorias divergentes nas duas Casas do Legislativo, o que não tem nada de incomum. O mesmo acontece nos Estados Unidos e, de maneira indireta, na Alemanha. A diferença é que a Itália não está acostumada a lidar com esse tipo de resultado.

A situação não é comparável à da Grécia, onde depois de uma eleição inicial em 2012 simplesmente não foi possível formar um governo.

Na Itália, em contraste, existe uma solução para romper o impasse político: uma grande coalizão entre Bersani e Berlusconi.

Porque, caso esta eleição venha a ser repetida, existe a possibilidade de que o resultado geral seja o mesmo.

Devemos levar em conta a semelhança com a Alemanha em 2005. Então, Angela Merkel -exatamente como Pier Luigi Bersani, do Partido Democrata- e seus democratas cristãos iniciaram a campanha com vantagem imbatível nas pesquisas, mas encaravam um oponente formidável que conseguiu reduzir muito a distância.

Merkel considerou renunciar à liderança da União Democrata Cristã na noite da eleição, mas então percebeu que poderia continuar no governo à frente de uma grande coalizão.

Na Itália atual, não está bem claro quem seria o líder principal de uma coalizão como essa, mas existe uma clara oportunidade de parceria.

Estou ciente de que quase todos os especialistas políticos italianos dizem que isso não é possível devido ao estilo político belicoso e a dezenas de outros motivos. Discordo respeitosamente.

Os partidos italianos não têm experiência em governar como parte de uma grande coalizão, isso é fato. Mas os alemães que formaram grandes coalizões em 1967 ou 2005 tampouco tinham.

O próximo governo italiano tem uma missão difícil de realizar, mas fácil de descrever. Precisa pôr fim à recessão. Uma grande coalizão poderia ter as melhores condições de fazê-lo. Não deveríamos descartar a ideia porque não aconteceu no passado. E, se alguém quer pôr fim ao pânico nos mercados, melhor começar a negociar agora.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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