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Religiosos brasileiros fazem críticas ao papa

FABIANO MAISONNAVE ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Visível em quase toda a praça São Pedro, a bandeira do Brasil presa a um mastro de cerca de 1 metro transformou a sorridente irmã gaúcha Cecilia Berno numa pequena celebridade -foram dez entrevistas em pouco mais de uma hora.

Mas a demonstração de apoio ao papa Bento 16 escondia uma avaliação bastante crítica do pontificado.

"O papa tem sido muito duro com o Brasil, silenciou muitos teólogos brasileiros da Teologia da Libertação [movimento que prega aproximação com os movimentos sociais e o marxismo] ", disse Berno, que, contrariando orientação de Bento 16, defende a flexibilização do celibato e a ordenação de mulheres.

Segundo a religiosa, que vive em Roma, o papa não levou adiante as conclusões do Concílio Vaticano 2º (1962-5), que preconizava uma abertura maior da Igreja Católica. "A sociedade cobra desse papa e da igreja essa posição. Jesus foi revolucionário, e a igreja não pode deixar de ser revolucionária, tem de responder aos anseios mais profundos do ser humano."

O tom crítico de Berno em relação a Bento 16 estava longe de ser uma exceção entre os religiosos brasileiros -embora todos considerem a renúncia um ato de humildade.

Mestrando em história em Roma, o padre paranaense Marcos Roberto dos Santos, 35, afirma que ele foi excessivamente eurocêntrico. "Embora muito querido, ele entendeu que era hora de dar mais atenção à Europa. Mas priorizar uns é se esquecer de outros."

Santos afirma que, na Europa, o principal problema é a "desertificação da fé", enquanto no Brasil os desafios são o avanço do protestantismo, a corrupção, a violência e a pobreza.

Com uma bandana verde-amarela, a irmã mineira Daniela Brito, 44, também residente em Roma, disse que o papa teve "grande humildade para dizer 'basta'". Agora, ela espera um papa que "deixe a igreja mais jovem e coloque a casa em ordem".

Já dom Geraldo Majella Agnelo, um dos cinco cardeais brasileiros que participarão do conclave para a escolha do sucessor de Bento 16, disse que o papa não aparentava um "estado de alma intranquilo". "Ele tinha de tocar na sua renúncia, mas deu uma visão de futuro, que há de ser bom para a igreja", afirmou.


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