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China exibe quatro condenados à morte em rede nacional

Transmissão que mostrava estrangeiros acorrentados seguindo ao local de execução causou revolta no país

Pena capital foi dada pelo assassinato de 13 marinheiros chineses no rio Mekong, fora do território chinês

DA REUTERS, EM PEQUIM

Um "desfile" na televisão estatal chinesa de quatro homens estrangeiros sentenciados à morte pelo assassinato de 13 marinheiros no rio Mekong provocou indignação na China ontem.

Muitas pessoas consideram que foi uma exibição desnecessária de vingança.

O assassinato dos marinheiros chineses, em 2011, foi um dos ataques mais mortais a cidadãos chineses no exterior nos tempos modernos.

O suspeito principal, Naw Kham, extraditado para a China em maio pelas autoridades do Laos, foi considerado culpado pela morte dos marinheiros no ano passado na região do chamado "Triângulo de Ouro", ponto de encontro das fronteiras do Laos, Mianmar e Tailândia e lugar conhecido pelo tráfico de drogas.

Naw Kham, de Mianmar, e outros três suspeitos foram executados por injeção letal na cidade chinesa de Kunming, mas antes disso foram mostrados ao vivo na televisão estatal, amarrados com cordas e acorrentados, enquanto a polícia os conduzia da prisão até o ônibus que os levaria ao local da execução.

A transmissão, da China Central Television, não mostrou a execução propriamente dita.

"A transmissão ao vivo por duas horas do processo desses criminosos que enfrentam a pena de morte constitui uma violação do artigo 252 da Lei de Processo Criminal da República Popular da China", disse um destacado advogado de direitos humanos, Liu Xiaoyuan.

"O artigo determina que criminosos que enfrentam a pena de morte não podem ser exibidos ao público", disse.

A televisão chinesa exibia cenas do tipo regularmente no passado, mas praticamente parou de fazê-lo há quase duas décadas.

O retorno à prática provocou manifestações de ultraje em muitas redes sociais.

"Amarraram (o preso) com cordas e o desfilaram diante de 1,3 bilhão de chineses. São esses os direitos humanos que o governo vive destacando?", escreveu um usuário no microblog chinês Sina Weibo, semelhante ao Twitter.

A caçada a Naw Kham ganhou cobertura ampla na mídia chinesa. Alguns jornais festejaram a captura dele e a compararam ao assassinato de Osama bin Laden por forças americanas.

De acordo com o tabloide "The Global Times", a China chegou a cogitar realizar seus primeiros ataques com drones (aviões não tripulados) para matar Naw Kham, mas as autoridades teriam decidido capturá-lo vivo e levá-lo a julgamento.

Um dos três executados era tailandês, um era laociano e o outro era apátrida, segundo a mídia chinesa.

Acredita-se que a China execute milhares de pessoas por ano -o número exato é segredo de Estado-, e a pena de morte conta com amplo apoio popular.

Mas a exposição pública dos condenados pelas mortes no Mekong levará a população chinesa a questionar o uso de execuções, opinou Nicholas Bequelin, pesquisador da organização Human Rights Watch, para quem "é uma iniciativa predadora, voyeurística e exploradora, algo que contraria a própria finalidade de se ter um sistema legal".

Tradução de CLARA ALLAIN


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