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Mundo se cansou do conflito Israel-Palestina, afirma ex-negociador de paz

DE JERUSALÉM

Com um governo em Israel indisposto a concessões e uma liderança palestina desinteressada em trazer a facção rival, o Hamas, para as negociações, as expectativas de um plano de paz para o curto prazo andam baixas.

À Folha o político israelense Yossi Beilin, um dos arquitetos dos acordos de Oslo (1993), diz não esperar muito da visita de Barack Obama ao país. "Ele prejudicou as negociações ao estabelecer como pré-condição o fim da construção de assentamentos", afirma.

Entre europeus, que "foram dormir", e americanos, que "estão cansados", Beilin enxerga uma fresta para o Brasil liderar as discussões.

"Eu não excluiria essa oportunidade", diz. (DB)

Folha - Quais são as expectativas para a visita?
Yossi Beilin - São baixas. Obama não fez nada [sobre o processo de paz] em quatro anos. Prejudicou as negociações, ao estabelecer como pré-condição o fim da construção de assentamentos.

A visita não terá impacto?
Todo o desenvolvimento nesse sentido será uma boa notícia. O assunto estará na agenda dele, em especial na pública, dando início a um processo que pode ser continuado pelo [secretário de Estado] John Kerry. Kerry está mais entusiasmado.

As iniciativas americanas podem ter resultados?
Sabemos que [o presidente da Autoridade Nacional Palestina] Mahmoud Abbas não está interessado em trazer Gaza e o Hamas para as mesas de negociação. Também sabemos que [o premiê israelense] Netanyahu não está interessado em fazer concessões. Qualquer tentativa de pressionar ambos os lados para uma solução definitiva será rejeitada, em especial por Israel. Se houver uma solução temporária, então acho que será possível fazer algo.

A formação do novo gabinete israelense, com a ascensão do nacionalismo religioso, irá dificultar ainda mais as negociações?
Não acho que seja uma questão de como é o governo, mas de quem o lidera. Netanyahu não quer fazer concessões. Está bastante satisfeito com o status quo, mas estaria disposto a uma solução interina. Esse é o mais distante que ele consegue enxergar, e Obama deveria entender isso, depois de tantas conversas com ele.

Há espaço para emergentes, como o Brasil, tenham algum papel nas negociações de paz?
O Brasil pode ser um facilitador nesse processo, e esse é um papel importante. Se [o chanceler Antonio] Patriota estiver pronto para vir, ninguém vai pedir que não venha. Não excluiria essa oportunidade.
Se houver uma decisão política no Brasil, que ainda não foi tomada, de investir energia nessa questão, então acho que o céu será o limite. Os europeus foram dormir, e os americanos estão cansados de nós, israelenses e palestinos.


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