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New York Times

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John Bercow

Um líder contra a desordem na Câmara

Por SARAH LYALL

LONDRES - É fácil identificar John Bercow no ritual semanal conhecido como "perguntas ao primeiro-ministro", durante o qual os principais legisladores britânicos gritam e apupam uns aos outros como os meninos desordeiros que um dia parecem ter sido. Bercow é o sujeito que tenta fazer com que eles façam silêncio.

"Ordem! Ordem!", grita Bercow, presidente da Câmara dos Comuns britânica, repetidamente, para se fazer ouvir por sobre o tumulto. Às vezes, ele se dirige diretamente a arruaceiros específicos.

"Tente se acalmar e se comportar como adulto", Bercow pode bradar, como fez certa vez para Tim Loughton, ministro da Criança.

Os presidentes da Câmara dos Comuns, que presidem os debates e servem como mais elevadas autoridades na casa, vêm tentando controlar o comportamento de colegas desordeiros desde o momento em que passaram a ter colegas desordeiros a controlar. (O posto data de 1377.)

E Bercow tem uma missão e se dedica a ela zelosamente. Quer que os legisladores se comportem como adultos plausíveis, e não como adolescentes sofrendo de excesso de entusiasmo.

"Quando o nível de decibéis excede qualquer coisa que o Deep Purple teria sonhado em seu auge nos anos 70, estamos em território negativo", diz Bercow, 50.

Ele foi eleito para a presidência da Câmara dos Comuns em 2009. Conservador, ele alienou alguns colegas de bancada ao trocar a ala direita pela esquerda do partido. (Bercow renunciou à sua filiação partidária, como é costume, ao assumir a presidência da casa.) Ao mesmo tempo, muitos parlamentares trabalhistas apoiaram sua candidatura porque suspeitavam que tê-lo na presidência irritaria os conservadores (estavam certos).

Antes de assumir a presidência da Câmara dos Comuns, Bercow já era conhecido por introduzir certa dose de pedantismo nos debates parlamentares. Certa vez, ele esclareceu um colega sobre a diferença entre "menos" e "menor".

Bercow não é universalmente popular. Alguns conservadores o desdenham ativamente. Ao descrevê-lo, seus detratores empregam termos como "arrogante", "pomposo" e "ambicioso".

O motivo para isso, dizem muitos, é que Bercow veio de fora, em uma instituição controlada por políticos da classe alta britânica. Filho de um vendedor judeu de carros usados, Bercow se criou na zona norte de Londres, estudou em colégio público e se formou pela Universidade de Essex.

Disciplinado, determinado e dedicado, ele ingressou com vigor na arena política conservadora, foi eleito para o Parlamento em 1997 e adotou um sotaque mais refinado.

Em um lugar como a Câmara dos Comuns, não há nada parecido com a solidão de um homem que subiu sem ajuda até atingir uma posição de poder. "Algumas pessoas são muito rudes para com ele", diz um legislador.

Seus críticos afirmam que Bercow é igualmente rude, e parece se deliciar com isso.

"Se alguém está sendo muito malicioso, enfrentar a situação pode ser divertido", diz Bercow. "Mas se a pergunta é saber se quero ser presidente da Câmara pelo prazer de ralhar com as pessoas, a resposta é não. Creio que essa seria uma razão bem triste, e um tanto patética. Quero ser presidente porque sempre acreditei apaixonadamente no Parlamento."

Recentemente, Bercow recorda, ele e a mulher estavam discutindo a conduta desordeira dos parlamentares na Câmara dos Comuns quando foram interrompidos por seu filho, Freddie, 7. "Papai, a maioria das pessoas do Parlamento são muito rudes, mas você não é. Só está tentando impedir que as outras pessoas sejam". Bercow conta ter respondido: "Freddie, isso resume a situação perfeitamente".


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