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New York Times

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Artistas fazem festa ilegal em caixa dágua

Por ALEX VADUKUL

Um alçapão foi aberto na caixa d'água com a aproximação dos convidados.

Da abertura, além de uma mão para ajudar as pessoas a entrar, emergiam música ritmada ao vivo, luz de velas e sons de vozes e de tilintar de copos.

Dentro do espaço circular de madeira, não maior que um elevador de carga, cerca de 12 pessoas se comprimiam, tomando coquetéis de uísque.

Casais estavam sentados em volta de cinco mesinhas embutidas no revestimento interno de cedro da caixa. Uma jovem preparava drinques atrás do bar. Uma banda de duas pessoas -acordeonista e baixista- tocava numa plataforma acima das cabeças dos convidados.

Os funcionários se comunicavam com a ajuda de fones de ouvido para se certificar que a operação passava despercebida do lado de fora.

Várias rotas de fuga tinham sido planejadas para o caso de a polícia chegar.

O lugar era o Night Heron, um bar decididamente ilegal operado por um grupo de artistas dentro de uma caixa d'água no alto de um prédio desocupado em Lower Manhattan durante oito fins de semana em março, abril e maio.

O Night Heron foi tão exclusivo quanto fora da lei.

A única maneira de entrar era receber um relógio de bolso entregue por um convidado anterior, comparecer a uma certa esquina em um horário predeterminado e telefonar para um número colado no verso do relógio.

Então, ajudantes misteriosos conduziam os convidados, atravessando um edifício decrépito após outro e subindo 12 lances de escadas, até chegarem ao topo.

Os relógios eram entregues na porta, mas, se quisessem levar adiante a corrente de convites, os convidados podiam comprar outros no final da noite.

O idealizador do Heron foi N.D. Austin, artista de 31 anos conhecido pelo que ele chama de "teatro da invasão". "Trata-se de tornar o invisível visível", comentou.

Para encontrar uma caixa d'água apropriada, Austin vasculhou registros do Departamento de Edificações de Nova York em busca de violações graves.

Segundo ele, elas podem ser indicativas de descuido por parte do proprietário de um prédio, o que pode significar que se trata de um prédio desocupado, próprio para ser "adotado".

Numa noite de sábado em abril, 12 convidados entraram na caixa d'água, passando pelo alçapão.

"Não sei como o baixo conseguiu entrar aqui", comentou Dirby Luongo, um dos colaboradores de Austin, que fazia às vezes de porteiro. "É como um navio enfiado numa garrafa."

Caroline e Michael Ventura chegaram para ocupar sua mesa reservada. Cada reserva é válida por uma hora e meia e cada mesa é ocupada por três grupos diferentes por noite.

Ventura contou que um amigo chegou a seu escritório sem ser anunciado e lhe deu o relógio. "Ele o pôs sobre minha mesa, olhou para mim e disse: 'Não vou responder a nenhuma pergunta'."


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