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New York Times

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Hip-hop global pousa em Nova York

Por BRIAN SEIBERT

Uma lendária instituição de Nova York importa um festival de hip-hop do Reino Unido, o que, segundo o diretor artístico e apresentador do festival, equivale a "trazer gelo para esquimós". Mas, em meados de junho, pela primeira vez, o Breakin' Convention desembarca no Apollo Theater, no Harlem.

Festivais de hip-hop abundam na cidade de Nova York, mas Jonzi D (cujo nome de batismo é Jonathon John), diretor artístico do Breakin' Convention, disse que lhes falta o tipo de teatro de dança que vem explodindo na Europa e no Brasil.

O festival cresceu no Reino Unido, onde, a cada primavera nos últimos dez anos, o principal teatro de dança de Londres é tomado pelo hip-hop, incluindo grafiteiros redecorando o saguão, DJs tocando no mezanino e gente dançando em todo canto.

D, 43, estudou na London Contemporary Dance School, onde questionava se a dança moderna ou contemporânea fazia jus ao esse nome.

"A linguagem de hoje", disse ele, "era o que eu já estava fazendo" -fora da sala de aula, na rua. Ele precisava trazer o hip-hop para os teatros e legitimá-lo, o que fez com uma série de espetáculos de sucesso a partir de 1995.

Quando D voltou a Londres, depois de passar vários anos em turnê, ele criou o Breakin' Convention. "Foi matador", disse D. "Tivemos críticas cinco estrelas em todos os jornais respeitáveis. As pessoas descobriram que não dá para ignorar o hip-hop como uma forma de arte."

Os primeiros espetáculos do festival equilibravam história e experimentação teatral. Essa fórmula se mantém desde então, com aproximadamente uma dúzia de grupos a cada ano, de praticamente qualquer lugar onde haja hip-hop.

Não se tratava apenas de mudar o palco, "tratava-se de mudar todo o edifício", disse D, referindo-se aos grafiteiros e DJs. "Eu queria me livrar da pompa e tornar isso mais acessível."

O diretor-executivo da Apollo, Mikki Shepard, disse que o Breakin' Convention se encaixa nos recentes planos do teatro de ampliar sua programação de dança e que ele servirá como o primeiro de uma série de festivais globais. "Como o hip-hop", disse Shepard, "o Apollo causou um impacto global sobre a cultura. Estamos trazendo parte daquilo de volta para casa e lembrando às pessoas onde isso começou".

Para os dois eventos do palco principal, D reuniu as cenas global e americana.

A atração de encerramento foi o Project Soul Collective, 13 dançarinos coreanos de break que improvisam em cima da sua identidade nacional.

Para a coreógrafa e dançarina nova-iorquina Ephrat Asherie, o Breakin' Convention motiva questões: "Por que os artistas de Nova York não foram capazes de fazer isso antes? Como não reunimos isso? Por que não estamos criando espetáculos no mesmo nível em que a Europa já está há anos?"

As respostas, disse Asherie, têm a ver com financiamento. Ela se lembra de conhecer dançarinos que receberam verbas dos seus governos para estudar o hip-hop. Mas, igualmente importante, disse ela, foi o temor dos nova-iorquinos em desrespeitar a tradição, do qual ela partilha. No entanto, ela citou a ênfase do hip-hop na originalidade e no crescimento: "Isso deveria acompanhá-lo ao teatro. Não é tão simples, mas deveria ser".

D salienta o aspecto paz e amor do hip-hop. "Acho que o hip-hop vai nos salvar", disse. "Nesta era de austeridade, ele diz muito sobre as pessoas que não têm nada."


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