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New York Times

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Amazon entra em choque com sindicatos alemães

Por NICK WINGFIELD e MELISSA EDDY

Nos EUA, gigantes da tecnologia, como a Amazon, são muitas vezes celebrados como fontes de inovação e empregos. Mas o mesmo não vale no outro lado do Atlântico.

Enquanto o presidente Obama discursava sobre empregos para a classe média em um armazém da Amazon no Tennessee, recentemente, a Amazon enfrentava greves em seus armazéns na Alemanha, seu segundo maior mercado. Os sindicatos do país dizem que a empresa importou práticas de negócios norte-americanas -em especial, uma antipatia ao sindicalismo- que contrariam as normas europeias.

"Na Alemanha, a ideia de que os trabalhadores do armazém enfrentarão oposição do empregador quanto ao direito de sindicalização é algo inédito", diz Marcus Courtney, da Uni Global Union, federação sindical sediada em Nyon, na Suíça.

A Amazon não está sozinha. Grandes companhias norte-americanas de tecnologia vêm enfrentando obstáculos à medida que se expandem na Europa. Para o Facebook e o Google, a questão corrente é a privacidade. As autoridades antitruste europeias estão investigando o relacionamento entre a Apple e as operadoras de telefonia móvel, bem como as práticas competitivas do Google.

Superficialmente, os problemas da Amazon na Alemanha se relacionam a salários. O sindicato afirma que os trabalhadores de armazéns em duas cidades deveriam ser classificados como trabalhadores do varejo e receber os salários pagos aos funcionários de companhias de varejo. A Amazon afirma que a classificação correta para eles é a de funcionários de armazém, com salários mais baixos.

Dave Clark, executivo da companhia, diz que a Amazon encara os sindicatos como intermediários que desejam interferir em tudo, dos horários dos funcionários às etapas de processamento e de empacotamento de pedidos. A Amazon quer preservar a capacidade de introduzir mudanças rapidamente em seus armazéns a fim de melhorar a experiência de compra dos consumidores, afirma.

No ano passado, a companhia investiu US$ 775 milhões na aquisição de uma fabricante de robôs, cujos produtos planeja utilizar futuramente em seus armazéns, ainda que não tenha afirmado se pretende empregá-los na Alemanha. A última coisa que a empresa deseja é ter de solicitar aprovação sindical para essas mudanças.

"Não se trata realmente de salários mais altos", disse Clark. "Para nós, a questão não é de custo, mas sim de qual será o nosso relacionamento com o nosso pessoal".

"Ainda somos um setor em desenvolvimento", acrescentou, a despeito do fato de que a Amazon anunciou receita de US$ 15,7 bilhões no último trimestre.

Nos Estados Unidos, a Amazon conseguiu combater com sucesso os esforços de sindicalização.

A Alemanha respondeu em 2012 por US$ 8,73 bilhões, ou 14%, do faturamento total da empresa. Em meio às recentes greves de trabalhadores em Bad Hersfeld e em Leipzig, a Amazon anunciou planos para abrir um nono centro de logística em Brandemburgo.

A greve foi organizada pelo ver.di, o poderoso sindicato do setor de serviços, que conta com 2,3 milhões de membros na Alemanha.

A companhia afirma que, depois de um ano no posto, seus trabalhadores alemães ganham mais, em média, do que os ocupantes de postos semelhantes em outras empresas. E diz que cumpriu as leis trabalhistas alemãs ao permitir a formação de conselhos de trabalhadores em seus armazéns. Mas esses conselhos estão legalmente proibidos de participar de negociações salariais, o que motiva o envolvimento dos sindicatos.

Na Alemanha, disse Clark, as greves não prejudicaram as operações porque o número de funcionários envolvidos foi relativamente pequeno. Quando necessário, a Amazon consegue transferir o atendimento de pedidos a outras instalações não atingidas porgreves.

Já o sindicato atribui às greves o crédito por melhoras na programação de horas extras, pelo aumento no número de salas de repouso e pela promessa da Amazon de pagar bonificações natalinas, prática comum na indústria alemã.

Em junho, Frank Bsirske, presidente do ver.di, brincou com "Trabalhe pesado. Divirta-se. Faça História", o lema da Amazon, dizendo aos grevistas em Leipzig que deveriam interpretá-lo literalmente.

"Vocês estão fazendo história com essa greve", disse. "Não vamos permitir que uma grande companhia norte-americana venha aqui e brinque de Oeste Selvagem."


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