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New York Times

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Invenções do passado ganham vida em 3D

Arquivo de patentes reúne informações de objetos curiosos

Por AMY O'LEARY

Eles são o sonho de homens que já morreram: um chapéu-pente, um copo que não derrama na cama, um parafuso para chaminés de fogões a lenha e um suporte para flores -objetos que, ao longo do último século, ficaram discretamente arquivados no Escritório de Patentes e Marcas Registradas dos EUA.

Até agora.

Martin Galese, 31, ex-advogado de patentes em Nova York, está ressuscitando peças e pedaços de antanho, parte por parte.

De forma semelhante aos cientistas fictícios de "Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros", Galese vasculha os arquivos do departamento de patentes atrás do "DNA de design" de invenções antigas, que ele então reinterpreta como arquivos digitais de design para as modernas impressoras 3D. Ele já publicou em seu blog mais de uma dúzia dessas invenções esquecidas, junto com uma biblioteca para impressões de designs em 3D, a Thingiverse, para que qualquer um possa produzir esses objetos hoje.

"As patentes do século 19 são muito bonitas", disse Galese.

Ele dá como exemplo uma espátula de cozinha de 1875, com linhas elegantes e uma utilidade modesta que foi alardeada por seu inventor, que declarou: "A quem possa interessar: saiba que eu, URIAS CRAMER, de Nova Filadélfia, no condado de Tuscarawas e no Estado de Ohio, inventei novos e úteis melhoramentos nas espátulas para panelas".

A solicitação de patente da espátula descreve como ela seria capaz de raspar panelas de praticamente qualquer raio e com laterais retas ou curvas. O documento era ilustrado com imagens recortadas à mão, que Galese reproduziu como um modelo 3D.

Mas por que se dar ao trabalho de reproduzir o passado em minuciosos detalhes? "Você está segurando o século 19 por intermédio de algo que foi produzido no século 21", disse Galese. Ele também fez um porta-hashi da década de 1960 e um jogo de xadrez portátil dos anos 1940.

Hoje, disse ele, o sistema de patentes tem má fama. Muita gente o vê como uma fonte de intermináveis disputas de propriedade intelectual entre empresas de tecnologia ou como combustível para aproveitadores dispostos a explorar as proteções do sistema para conseguir dinheiro.

Galese deseja que mais gente veja os arquivos de patentes como um rico depósito cheio de projetos gratuitos. Ele,às vezes compara os arquivos do departamento de patentes à biblioteca on-line de arquivos de design partilhada atualmente por pessoas que têm a impressão 3D como hobby.

Ele disse que alguns usuários que viram seus arquivos para impressão 3D perguntam por que ele fica postando objetos "patenteados" na internet, sem entender que muitas coisas antes patenteadas estão agora sob domínio público.

A maioria das patentes emitida atualmente dura 20 anos, mas, no passado, as proteções às invenções podiam ser bem mais curtas, às vezes durando 17 anos, às vezes menos.

Das mais de 8 milhões de patentes registradas nos EUA, apenas cerca de 2 milhões continuam em vigor, segundo Dennis Crouch, da Escola de Direito da Universidade do Missouri, que conduziu uma análise no ano passado.

Isso deixa quase 6 milhões de patentes sob domínio público, grátis para quem as desejar reusar, reformular ou lhes dar uma nova utilidade.

Galese até agora produziu apenas alguns poucos desses modelos 3D, mas continua procurando nos arquivos objetos simples e charmosos que tenham uma ligação com o passado.

No entanto, ele nunca sabe ao certo até que ponto consegue se aproximar de uma reprodução exata e se preocupa com a influência inconsciente do nosso mundo moderno.

"Há muito mais design no nosso mundo, muito mais objetos", disse ele sobre a comparação do seu trabalho com o filme "Parque dos Dinossauros".

"Sempre há essa questão: será que eles trouxeram de volta o que era realmente um dinossauro ou algo que eles pensavam ser um dinossauro?"


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