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New York Times

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Economia desacelera e provoca temor no Peru

Diminui confiança de consumidores e investidores no país

Por WILLIAM NEUMAN

LIMA, Peru - Da janela de seu escritório, Henrik Kristensen, o executivo-chefe da empresa que administra o principal porto do Peru, ainda pode ver as fileiras de reluzentes automóveis Kia, recém-chegados da Coreia do Sul, e pilhas de contêineres cheios de artigos importados, como televisores e roupas de grife, destinados ao crescente número de shopping centers frequentados pela florescente classe média do país.

"Isto é o Peru", disse ele. "Quando você vai aos shoppings, eles estão cheios de gente, cheios! É um bom indício de que as pessoas estão gastando."

A economia peruana cresceu em média 6,4% ao ano de 2002 a 2012 -índice ajustado pela inflação-, segundo o governo, um período notável de expansão sustentada. Mas, de repente, o crescimento desacelerou e, no porto, o motivo fica claro.

No Cais 5B, os navios estão carregados com as riquezas da mineração no Peru, como minério de cobre, chumbo e zinco -matérias-primas que alimentaram o boom peruano com seus preços em ascensão nos últimos anos. Mas, no primeiro semestre deste ano, os carregamentos de minérios no porto caíram 12% em peso, segundo a APM Terminals, a empresa de Kristensen, que dirige a operação para o governo peruano.

O declínio resultou de uma queda na demanda em uma economia mundial em dificuldades e da desaceleração na China, um dos principais parceiros comerciais do Peru. Esses fatores também fizeram os preços dos minérios despencarem, sugando a energia da economia peruana.

Miguel Castilla, o ministro da Economia e Finanças, disse esperar um crescimento econômico entre 5,5% e 6% neste ano. Embora seja inferior às previsões anteriores, o índice manteria o lugar do Peru como uma das economias de mais rápido crescimento na América Latina. Até alguns dos economistas mais céticos preveem que a economia do país crescerá quase 5% neste ano, índice que seria comemorado em muitos países. Mas, no Peru, essas previsões são tratadas como algo próximo ao desastre.

"Depois de crescer 6% durante uma década, a gente se habitua", disse o reitor de economia da Universidade do Pacífico, em Lima, Gustavo Yamada.

Ele disse esperar um crescimento de cerca de 4% a 5% nos próximos anos.

"Isso cria um cenário de 'Ei, espere um pouco, nós íamos ser o próximo tigre inca, que decepção!'", explicou.

As pesquisas mostram que a confiança do consumidor diminuiu neste ano, e um estudo do Banco Central do Peru feito em junho mostrou que a confiança do investidor está no nível mais baixo em quase dois anos.

A economia peruana é uma mistura de forças e fraquezas. O país tem reservas internacionais robustas, que podem ser usadas como estímulo econômico em uma crise, e uma dívida pública baixa.

A pobreza no Peru foi reduzida em mais da metade nos últimos anos, caindo de 59% da população em 2004 para 26% no ano passado, segundo números do governo. Milhões passaram para a classe média, que na estimativa do Banco Interamericano de Desenvolvimento duplicou entre 2007 e 2012 e hoje inclui cerca da metade de todas as famílias peruanas.

Mas a nova prosperidade é distribuída de forma desigual, concentrada nas cidades e ao longo da costa. Mais da metade dos que vivem nas áreas rurais permanecem na pobreza, especialmente nos Andes e na bacia Amazônica. Lima também continua a abrigar vastas favelas.

O sistema de educação é fraco, milhões de pessoas ainda não têm acesso a água potável e a ligações de esgoto e há uma série de gargalos de infraestrutura.

Carlos González, economista da Associação de Exportadores, disse que a desaceleração econômica do Peru está sendo excessivamente dramatizada, mas acrescentou que o país teria de trabalhar mais para manter o crescimento e atrair investidores. "O momento em que éramos a garota mais bonita do bairro passou."


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