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New York Times

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Butão celebra a arquearia como esporte nacional

Por GARDINER HARRIS

THIMPHU, Butão - Na rodada final, o príncipe e sua equipe tinham uma vantagem quase insuperável no torneio nacional de arco e flecha do reino. Apesar disso, ainda haveria muito drama pela frente.

Gem Tshering, conhecido como "O Touro" em um país de pessoas relativamente pequenas, continuaria acertando o alvo com flechas disparadas a 140 metros de distância? Jigme Norbu, o arqueiro mais bem classificado no torneio, continuaria sua recente ascensão? Alguém seria atingido por uma flecha -risco frequente nas competições butanesas?

A arquearia é o esporte nacional do Butão, pequeno país no Himalaia espremido entre a Índia e a China. Seu campeonato nacional, o torneio Yangphel, é realizado em um campo de tiro que tem séculos de idade, justamente quando termina a temporada das monções.

Os arqueiros hoje podem usar arcos compostos, importados dos Estados Unidos, em vez dos tradicionais de bambu. Mas, em um campeonato clássico butanês, as miras e os gatilhos modernos não são permitidos.

Os arqueiros devem usar vestes tradicionais e meias escuras até os joelhos. Apesar disso, o príncipe Jigyel Ugyen Wangchuck usava calçados de corrida pretos Adidas e vários outros esportistas usavam Nikes.

O torneio começou em 31 de agosto às 8h e terminou por volta das 16h. Um motivo pelo qual demorou tanto: cada vez que o alvo é atingido, os arqueiros cantam e dançam.

Uma parte surpreendente do torneio é que todo mundo -arqueiros, espectadores, dançarinos e até cães solto- ficam à vontade entre as flechas em pleno voo. Os dançarinos andavam pelo espaço durante toda a competição. Os arqueiros ficavam perto do alvo enquanto seus colegas miravam quase diretamente neles. "As pessoas confiam em nossos arqueiros", disse o príncipe Jigyel Ugyen. "Não tenho certeza se isso é bom."

Os ferimentos por flechas estão entre os motivos mais comuns de internações hospitalares no Butão, dizem as autoridades. Um motivo possível é que o consumo de bebidas alcoólicas é incentivado durante os torneios, e os competidores mastigam quase constantemente "pan", um narcótico suave que mancha seus dentes de vermelho. Desafiar os adversários é comum. Em raras ocasiões, os arqueiros se posicionam na frente do alvo e recebem flechadas para não permitir que o adversário marque pontos cruciais.

A fatalidade budista também pode ter influência. O arco e o budismo estão ligados há muito tempo. "O budismo tem a ver com esvaziar a mente, assim como a arquearia", diz o príncipe. "Quando você puxa o arco, esquece de tudo e encontra a felicidade completa. Se você mantiver essa mentalidade por 24 horas e 365 dias, é a iluminação."

Na sétima rodada, o príncipe atingiu o alvo com duas flechas, ou "dobjey", quase garantindo a vitória.

As autoridades do arco no Butão esperam que a tradição nacional um dia leve à vitória internacional. O país nunca venceu uma medalha olímpica. Mas Sonam Karma Tshering, secretário-geral do Comitê Olímpico do Butão, disse com desânimo: "Não temos uma cultura esportiva no Butão".


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