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New York Times

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Coragem distingue carreira de atriz

Por BROOKS BARNES

BEVERLY HILLS, Califórnia - Como a maioria das estrelas de cinema, Sandra Bullock é constantemente assunto da mídia de celebridades. Para a revista "Vanity Fair", a atriz vencedora do Oscar é "amigável, franca e muito despretensiosa".

Ela é a "queridinha da América", segundo dezenas de perfis, uma comediante fisicamente bem dotada que já sofreu alguns fracassos. Mas um de seus atributos mais notáveis quase nunca é mencionado: Bullock, que volta aos cinemas de todo o mundo a partir de 3 de outubro no thriller espacial "Gravidade", talvez seja a atriz mais corajosa do primeiro time de Hollywood.

É verdade, seu papel em "Amor à Segunda Vista" não exigiu coragem excepcional. Mas considere o que veio depois dessa comédia romântica de 2002. Bullock afastou-se do que estava dando certo e foi lutar por papéis dramáticos menores, que nem sempre lhe foram favoráveis.

Essa mudança a levou a "Um Sonho Possível" (2009), filme difícil que poderia ter-se transformado em melodrama, mas que lhe valeu o Oscar. No ano passado, Bullock, 49, apareceu nua no programa de televisão "Chelsea Lately". Você não vê Julia Roberts fazer isso.

Por falar em saltos ousados, Bullock quase se afogou ao pular no Atlântico norte em 2009 para filmar uma cena de "A Proposta". Depois de boiar na água durante várias tomadas, ela entrou em hipotermia e não conseguia respirar.

Ainda não está convencido? Então chega "Gravidade". Dirigido e escrito por Alfonso Cuarón, cineasta responsável por "Filhos da Esperança" e "E Sua Mãe Também", "Gravidade" é estrelado por Bullock e George Clooney como astronautas que vagam no espaço depois de sobreviver a um acidente no ônibus espacial. Mas é principalmente uma performance individual de Bullock.

"Todo mundo me perguntava se isso me deixava nervosa, então comecei a entrar em pânico", disse. "Eu estava principalmente preocupada com o Cometa Vômito" -um avião a jato que simula a falta de gravidade, no qual Cuarón pretendia filmar durante dias. Os astronautas da Nasa dão esse apelido ao avião por causa de sua propensão a deixá-los enjoados.

Bullock tinha "um medo mortal de voar", segundo ela, desde 2000, quando estava em um avião nos EUA que errou a pista e sofreu graves danos. Ela concordou, de qualquer modo. "Eu me convenci de que era o Universo me dizendo que eu precisava superar meu medo. E disse que o faria. Não estava contente, mas disse que o faria."

No final, Cuarón trocou o avião por uma caixa de três por quatro metros, equipada com luzes especiais e colocada em um estúdio escuro. Bullock foi "amarrada" com um arreio "horrível", disse ele, e foi colocada lá dentro durante horas.

Uma câmera montada em um braço robótico girava e circulava, fazendo parecer que Bullock flutuava na escuridão do espaço. "Eu literalmente atuava sem qualquer estímulo durante dez horas por dia, tendo apenas fones de ouvido como conexão com Alfonso", disse ela. "Nós fizemos uma lista de clipes musicais -sons de baleia, Radiohead, ruído de metal rangendo- e eu os memorizei. Eu dizia 'OK, me dê o número quatro. Não está funcionando. Tente o número dois. Está melhor, está me dando a emoção de que preciso'."

Para uma sequência, Bullock teve de ficar parada enquanto a câmera corria em sua direção a 40 quilômetros por hora e parava a centímetros de seu rosto. Outras cenas exigiam que ela fosse pendurada por cabos enquanto pessoas a manipulavam como uma marionete.

Bullock disse sobre o filme: "É sobre renascimento. Como você relaxa na pior situação possível, de modo que possa ter algum tipo de libertação e paz?" Ela acrescentou: "A vida não vai parar de vir na sua direção. Afinal, você precisa apenas dizer: 'Eu não tenho o controle'. Seu tempo é precioso. Você vai realmente desperdiçá-lo preocupando-se com isso?"

Ela estava enfrentando essas perguntas em sua vida pessoal em 2010, quando Cuarón foi até o Texas e tentou convencê-la a fazer "Gravidade". Bullock viajou para lá depois que se tornou pública a série de traições de seu marido, Jesse James, fabricante de motocicletas e celebridade de reality shows. Ela se divorciou, seguiu com a adoção de um bebê e deixou claro que não pretendia atuar tão cedo.

Hoje, diferentemente de algumas estrelas de Hollywood, Bullock continua aceitando trabalhos desafiadores. "Que papéis estão disponíveis sempre será um fator importante", disse Octavia Spencer, ganhadora do Oscar por "Histórias Cruzadas" e amiga de Bullock desde 1996.

"Mas Sandy tem muito sucesso em não deixar ninguém colocá-la em uma caixa, e isso vai continuar. Ela fez isso assumindo riscos constantemente e trabalhando com as entranhas, sem se preocupar em como aparece em cada cena. São coisas que poucas atrizes do seu nível fazem."


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