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New York Times

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Amazon aposta na venda on-line de obras de arte

Curadoria dos objetos à venda fica a cargo de galerias

Por WILLIAM GRIMES

Quando a professora aposentada de arte Judy DeFord, de Seattle, recebeu um e-mail da galeria Catherine Person, viu um nome conhecido na lista de artistas. Era Allyce Wood, uma antiga aluna. "Pensei: 'Maravilha!'. E resolvi comprar um trabalho", contou.

Mas, em vez de ir pessoalmente até a galeria, a dez minutos de distância, ela entrou na Amazon Art, seção de belas-artes e objetos colecionáveis lançada pela Amazon em agosto. Clicou sobre as imagens, selecionou um desenho e o comprou por US$ 160.

A Amazon está apostando que milhões de consumidores como DeFord vão comprar pinturas e gravuras do mesmo modo como hoje compram calçados ou livros on-line. Para atraí-los, a loja virtual procurou galerias em alguns países, entre eles os Estados Unidos, com uma proposta: ofereçam seus trabalhos em nosso site e, por uma comissão de uma porcentagem sobre cada venda, nós os exporemos a 100 milhões de fregueses na América do Norte e 200 milhões em todo o mundo.

A Amazon não comenta a qualidade das obras nem impõe critérios de gosto. "Não fazemos curadoria", disse em entrevista recente Peter Faricy, vice-presidente da Amazon e gerente-geral da Amazon Marketplace. "Deixamos isso a cargo das galerias."

A Amazon não divulga cifras relativas às suas vendas.

A artista plástica Kate Nielsen, do Brooklyn, recebeu uma ligação depois de alguém na Amazon ter pensado, equivocadamente, que ela fosse dona de uma galeria. "É uma empresa tão monstruosa -foi desconcertante", contou. "Pensei: 'Como eles me encontraram?'"

A empresa já firmou contrato com mais de 180 galerias e está oferecendo mais de 43 mil trabalhos de 4.500 artistas. As obras à venda vão desde "Untitled (Dollar Bill)", de Ryan Humphrey, de Nova York, oferecido por US$ 10, até o retrato pintado por Monet em 1868 de seu filho Jean (US$ 1,4 milhão) e a obra mais cara de todas: a tela "Willie Gillis: Package From Home" (1941), de Norman Rockwell, por US$ 4,85 milhões.

A Amazon disse que 95% das obras à venda custam menos de US$ 10 mil. Cerca de um terço estão à venda por entre US$ 250 e US$ 1.000. Os vendedores pagam uma comissão que varia entre 20%, no caso de trabalhos de até US$ 100, e 5%, para obras oferecidas por mais de US$5.000.

A Amazon já se aventurou antes no campo das belas-artes: em 1999, com uma parceria malsucedida com a Sotheby's para realizar leilões de arte on-line. Desde então, a paisagem on-line mudou drasticamente. Hoje é possível comprar arte on-line de Etsy, eBay, Costco e leilões.

Num relatório sobre o mercado on-line, a empresa de pesquisas de mercado Ibis World estimou que as vendas on-line nos Estados Unidos tenham chegado a US$ 287 milhões em 2012 -menos de 2% do mercado total de arte, que movimentou US$ 17,4 bilhões.

Sejam quais forem seus receios não revelados, os marchands fazem questão de descrever a incursão da Amazon no campo das belas-artes como algo positivo para todos os envolvidos.

Alguns dizem que a base ampliada de consumidores será a maré crescente que vai desatolar todos os barcos.

"Não penso que a Amazon esteja interessada em criar relacionamentos com artistas individuais e guardar trabalhos deles", opinou Pete Borowsky, da galeria Zatista, em Filadélfia.

"Nesse ponto, a comparação com o mercado de livros deixa de ser válida. Só existe um exemplar de qualquer obra de arte."


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