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Amazon cresce mesmo sem lucro significativo

Acionistas apostam no sucesso a longo prazo da empresa

Por DAVID STREITFELD

SAN FRANCISCO - Quase diariamente a Amazon anuncia uma nova empreitada.

Ela acaba de adquirir uma empresa de educação on-line e lançou um mecanismo de pagamento para varejistas da internet que concorre com o PayPal.

Ela modernizou sua linha de tablets, aprovou três novos pilotos para comédias de TV e criou uma competição de design para sua divisão de moda. Está montando minidepósitos dentro de fornecedores como Procter & Gamble, para despachar os produtos mais rapidamente. Mas uma coisa a Amazon não anda anunciando: lucros significativos.

As ações da Amazon acumulam alta em torno de 150% desde meados de 2010, última vez em que a empresa teve lucros consideráveis. Isso significa que os investidores só decidiram amar a companha quando o lucro líquido começou a despencar?

"Isso não deveria acontecer", disse o economista e investidor de risco William Janeway. "Viola a teoria financeira dominante. Pouquíssimas empresas já se valorizaram desse jeito fora de uma bolha sistêmica."

Há um debate cada vez mais ruidoso sobre quando -ou se- a Amazon oferecerá os lucros que os investidores geralmente exigem de uma empresa que tinha uma previsão de faturamento de US$ 75 bilhões neste ano.

A empresa não quis se pronunciar.

Alguns analistas observam que essas vendas são desprezíveis diante do mercado que estava na mira de Jeff Bezos, fundador e executivo-chefe da Amazon. "O mercado é efetivamente ilimitado: todo o comércio global para consumidores e talvez o comércio 'business-to-business' também", disse Janeway.

Com esse prêmio como meta, ganhar dinheiro hoje seria um possível empecilho. Como disse Benedict Evans, analista em Londres: "Bezos optou por gerir a Amazon para ser a maior, mais poderosa e mais bem-sucedida varejista da Terra daqui a 20 anos. Qualquer idiota poderia geri-la para ser lucrativa hoje".

A Amazon está se diversificando, mas basicamente ela vende produtos em larga escala e a preços baixos. Ela também tem frete barato e um serviço renomado de atendimento ao cliente.

Para gerar um lucro significativo, no entanto, algumas dessas variáveis, ou todas, precisarão mudar, o que pode alienar clientes e estancar essa estrepitosa alta do faturamento. Isso, por sua vez, levaria os investidores a exigir lucros ainda mais rapidamente.

É melhor não se aventurar por esse caminho, disse Colin Gillis, analista sênior de tecnologia da BGC Partners. "É mais fácil", disse ele, "vender coisas e não ganhar dinheiro do que vender coisas e ganhar dinheiro".

Sob esse ponto de vista, o turbilhão de atividade da Amazon é meramente uma providencial distração da sua realidade. "Em algum momento é preciso encarar a rebordosa", disse George Colony, executivo-chefe da Forrester Research. Como? "Aumentando preços. Não vejo nenhum outro jeito."

Nas beiradas, a Amazon começou a fazer isso. Por exemplo, os clientes que pagaram US$ 79 por ano para aderir ao seu serviço Prime de entrega em dois dias costumavam conseguir que os itens realmente urgentes fossem entregues no dia seguinte, por um adicional de US$ 3,99 por item. Mas, em meados deste ano, os usuários do Prime descobriram que a empresa havia começado a cobrar quantias variadas, de acordo com o peso e o tamanho.

Um fórum da Amazon ficou cheio de queixas a respeito de como os clientes Prime estavam, como disse um usuário, "recebendo menos serviço pelo mesmo dinheiro".

Um porta-voz da Amazon confirmou a mudança, mas disse que a empresa continua agregando serviços ao Prime -incluindo 41 mil filmes e programas de TV- sem elevar a taxa de adesão.

Josh McFarland, executivo-chefe da TellApart, start-up que ajuda varejistas a gerir seus dados, adquiriu um par de chinelos na Amazon por US$ 20. Aí ele achou em outro lugar um par do qual gostou ainda mais e se preparou para devolver o produto da Amazon. A empresa lhe disse para não se dar ao trabalho. Ela iria reembolsá-lo mesmo assim.

"O que a Amazon está tentando fazer é elevar minhas expectativas para que eu afinal compre tudo dela", disse McFarland. "Em algum momento, ela não terá mais concorrência, e eu não vou saber se os preços estão sendo aumentados, porque não terei nada com o que comparar."


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