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New York Times

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Cinemas brigam por telas gigantes

Por BROOKS BARNES

LOS ANGELES - Aparentemente, é apenas um velho jogo hollywoodiano de pagar na mesma moeda: a Cinemark, terceira maior rede de cinemas dos Estados Unidos, está promovendo o crescimento de sua base de telas enormes, e a Imax, que é líder nesse formato há décadas, foi arrastada para a disputa.

"Ao ampliar um filme ou projetá-lo em uma tela maior sem a tecnologia adequada, que é o que está acontecendo, a imagem fica embaçada e isso de certa forma é enganar o cliente", disse Richard L. Gelfond, presidente da Imax.

No entanto, analistas dizem que há algo mais complicado em jogo. E isso tem menos a ver com uma ameaça comercial para uma Imax ainda oscilante e sim com o desespero das grandes redes para descobrir novas maneiras de crescer nos EUA e no Canadá, onde o hábito de ir ao cinema está em evidente declínio há uma década.

"A Cinemark e as outras redes percebem que o público de cinema nos EUA não está aumentando em longo prazo, então elas precisam ganhar mais dinheiro do mesmo espectador para que seu negócio cresça", explicou Townsend Buckles, analista de mídia na J.P. Morgan Securities.

"Oferecer telas grandes e outros atrativos a um custo mais elevado é uma maneira de fazer isso. Mas não estamos preocupados com a Imax, pois ela construiu uma marca que os frequentadores de cinema reconhecem como a melhor experiência visual".

A Imax se expandiu e tornou-se uma rede multiplex em 58 países. Seus cinemas ficaram tão populares na China que quando o país autorizou a projeção de mais filmes americanos, em 2012, o governo incluiu o formato Imax entre os que devem ter consideração especial por parte dos censores.

No ano passado, a Imax vendeu US$ 727 milhões (R$ 1,63 bilhão)em ingressos, uma alta de 17% em relação a 2012.

As grandes salas da Imax ou de outras redes vêm ganhando mais popularidade mesmo com a rejeição crescente do público pelo 3-D, que representa cerca de 75% dos lançamentos da marca.

Segundo analistas, esses cinemas geralmente também têm sistemas de som melhores e poltronas mais confortáveis.

"O quadro geral é que as redes grandes estão tentando mais que nunca oferecer uma experiência mais impactante do que a obtida em uma sala de estar doméstica", esclareceu Phil Contrino, analista-chefe do BoxOffice.com.

A Cinemark Holdings, a Regal Entertainment e a AMC Entertainment operam em conjunto os cinemas Imax, que usam tecnologia própria para projetar filmes em altíssima resolução em telas que vão do teto ao chão.

As pessoas compram ingressos que custam entre US$ 3 (R$ 6,72) e US$ 5 (R$ 11,20) a mais para ver filmes nessas telas. A Imax cobra taxas de seus parceiros de rede, as quais totalizam cerca de 20% das vendas de ingressos.

Cinco anos atrás, a reboque da Cinemark, as redes passaram a usar tecnologia digital comum para construir seus grandes cinemas, os quais elas operam sob diversas marcas.

Assim como com a Imax, os frequentadores pagam a mais para ver filmes nesses cinemas. Diferentemente, porém, as redes não têm de partilhar sua renda com outra exibidora.

Atualmente há 365 cinemas Imax moderníssimos na América do Norte. As redes operam em conjunto 325 grandes telas.

Reconhecendo que a mistura de formatos confunde os consumidores, a Cinemark passou a chamar os cinemas de grande formato de PLF, sigla em inglês para "formato extragrande".

No ano passado, o circuito de PLFs abocanhou US$ 237 milhões (R$ 530,9 milhões), um aumento de 31% em relação ao ano anterior. A Cinemark também está construindo grandes cinemas no exterior, com foco especial na América Latina.

A Imax também concorre com um sistema de tela grande na China que usa tecnologia roubada da rede, conforme denunciou em vários tribunais.

Analistas, porém, dizem que a empresa não deve se preocupar com nada nos EUA até pelo menos 2021, quando terminam muitos de seus contratos de leasing e as redes deverão decidir se os renovam ou se retomam a própria marca.

Executivos de estúdios cinematográficos observam que a Imax também tem uma relação sólida com diretores como Michael Bay, Brad Bird e Christopher Nolan, que insistem para que seus filmes sejam lançados no formato.

"Considero que todas as outras redes têm apenas telas gigantes", disse o presidente de um estúdio, que respondeu sob a condição de anonimato, pois não queria se envolver no debate sobre os formatos. "Isso é ótimo, maravilhoso, e vamos ganhar esse dinheiro. Mas a Imax ainda é a Imax."


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