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New York Times

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Rodeios de quintal lutam para sobreviver

Por JOHN ELIGON

DEEP RIVER, Iowa - O cubículo com paredes de pinho é onde Sharon Widmer espalha cobertura de chocolate sobre os brownies e onde o aroma de sua pimenta aquece o ar. Mas, olhando pelo janelão deste quiosque aconchegante, o ambiente é turbulento.

Cavalos galopam numa arena de terra, jovens peões e peoas derrubam cabras, as põem de costas e amarram suas patas, enquanto outros giram cordas sobre a cabeça antes de tentar laçar novilhos desgarrados. Os espectadores gritam coisas como "Empurra ela! Empurra ela!" e "Traz pra casa".

A Widmer's Rock 'N Roll Arena, aninhada na coxilha do centro de Iowa, representa um tipo agonizante de rodeio neste Estado e fora dele -realizado num quintal familiar. Há muitos pequenos rodeios nas zonas rurais do país, mas os rodeios de quintal, como o da fazenda da família Windmer, se diferenciam pela mistura de competição e camaradagem.

Aqui, o charme de tomar chocolate quente em meio à troca de amigáveis provocações é tão importante quanto a rapidez com que o peão laça um novilho.

"É a casa de alguém", disse Mitzi Fleming, de Bloomington (Iowa), que trouxe sua filha Grace, 12, e seu filho Chance, 8, para competirem. "Eles são acolhedores no seu lar. É isso que é ímpar."

Fãs de rodeios em Iowa falam da época em que não precisavam ir longe para encontrar um morador fazendo um rodeio.

Mas o preço do gado e das rações aumentou muito, e as preocupações com a responsabilidade jurídica tornaram os seguros obrigatórios para os organizadores dos rodeios domésticos, e por isso muita gente encerrou as operações em seus quintais. Após mais de duas décadas promovendo rodeios na sua fazenda, na região centro-leste de Iowa, Wayne Fisher largou a atividade há uns três anos.

O número de inscritos havia começado a diminuir -na década de 1990, cerca de 50 peões entravam em cada evento; o número despencou para cerca de 15 nos últimos anos do rodeio.

Fisher, 44, disse que a mulher dele ficou mais ocupada, que seus pais ficaram velhos demais para ajudar, e que o risco de ações judiciais se tornou grande para que ele continuasse.

"É triste", disse. "Isso ensina muita coisa à garotada. Não é só o rodeio, é a camaradagem. Todo mundo compete contra si, individualmente. Eles constroem muitas amizades."

A arena coberta de 1.800 m2 que Sharon Widmer e seu marido, Neil, gastaram US$ 200 mil para construir recebe principalmente jovens competidores. Muitos deles precisam de um empurrãozinho para montar.

Os rodeios de quintal, que geralmente têm taxas de inscrição e prêmios financeiros menores que os de competições mais formais, costumam ser uma introdução das crianças ao esporte.

A pressão é pequena, mas mesmo assim eles permitem que os participantes experimentem o suspense da competição.

"Permite que crianças pequenas aprendam e afiem seus dotes", disse Clay Snakenberg, 15, estudante do ensino médio em Ottumwa, que compete na modalidade em que o peão, a cavalo, precisa laçar um novilho.

"Se eles participassem em um evento do circuito, teriam maior propensão a ficarem desestimulados e desistirem."

Um pouco a leste da fazenda do casal Windmer fica a Sandburr Arena, em Lisbon (Iowa), onde Tim Moore e sua família realizam rodeios ao ar livre desde 2010. Ao que se sabe, eles estão entre as últimas famílias de Iowa a fazerem rodeios em casa.

Os Windmers construíram sua arena fechada em 2006, para dar aos praticantes espaço para treinar no inverno. É também um lugar onde a família se reúne. "Ainda sorrio quando chego lá", diz Sharon Windmer.


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