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New York Times

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Nuvens ajudam previsão do tempo

Por DAVID FERRIS

Desde o início, o brasileiro Carlos F. Coimbra sabia que precisava decifrar o código das nuvens. Professor de engenharia da Universidade da Califórnia em Merced, ele liderou uma campanha bem sucedida para que 15% da energia da escola viesse de um conjunto de painéis solares.

Em duas ocasiões, porém, as nuvens frustraram seus esforços, lançando sombras inesperadas e forçando a escola a depender da energia convencional.

Então, ele tentou um novo tipo de previsão. Ele escreveu um algoritmo de computador para projetar como as nuvens se movimentam e mudam de forma. Hoje, seis anos mais tarde, Coimbra, 44, e seu colaborador, Jan P. Kleissl, 37, criaram um mecanismo de previsões que afirmam ser 20% a 40% mais preciso do que o modelo comumente usado.

Especialistas em meteorologia, energia e rede elétrica dizem que a inovação pode acelerar a adoção de fontes de energia renovável e possibilitar a economia de bilhões de dólares.

"Não posso dizer o que vai acontecer às 16h23 de domingo", disse Coimbra, cujas previsões se estendem por sete dias, mas com precisão decrescente. "Mas posso dizer o que vai acontecer hoje entre o meio-dia e as 18h."

O potencial de economia de custos atraiu o interesse de empresas que constroem e operam usinas de energia solar, além de empresas de eletricidade e operadores da rede elétrica. Uma previsão certeira torna mais fácil o uso da energia esporádica do sol e do vento, levando a energia renovável a ter um grau de confiabilidade próximo ao de uma usina de combustível fóssil ou de energia nuclear.

À medida que poupa dinheiro nos mercados energéticos, a tecnologia também dinamiza o mundo das previsões meteorológicas. As previsões ajudam os aeroportos a ter uma noção mais exata de quando tempestades vão chegar e ir embora, o que resulta em menos atrasos de voos.

Essa tecnologia também pode dizer a agricultores quando será a primeira geada do ano ou quando haverá um temporal, reduzindo a necessidade de bombear água para a irrigação.

Além disso, uma boa previsão pode guiar bombeiros que combatem incêndios florestais, projetar o percurso de um ataque de bioterrorismo ou localizar com precisão o caminho que será seguido por um tornado.

É provável que as previsões tenham sua primeira aplicação em usinas de energia solar e eólica, algumas das quais mantêm grandes e caros bancos de baterias para armazenar energia extra e liberá-la, se necessário.

Operadores da rede elétrica se acotovelam para comprar energia no mercado financeiro quando as fontes de energia relacionadas ao tempo escasseiam, pagando dez a cem vezes a mais do que pagariam se comprassem com um dia de antecedência. Uma previsão perfeita dos ventos, se representasse 20% do fornecimento energético, pouparia entre US$ 1,6 bilhão e US$ 4,1 bilhões por ano.

O instrumento mais importante da tecnologia criada por Coimbra é uma câmera com uma lente grande-angular que faz fotos de 13 km2 do céu a cada 30 segundos. Esse aparelho monitora a velocidade das nuvens e gera uma previsão para os próximos três a 20 minutos. Para períodos maiores de tempo, o algoritmo de computador digere dezenas de medidas -irradiância solar, velocidade do vento, imagens de satélite, umidade do solo- e determina quais são relevantes.

Ninguém sabe como serão usadas as previsões solares quando elas forem aperfeiçoadas, mas Coimbra acha que suas viagens de motocicleta serão beneficiadas: "Vou saber o quanto posso ir antes de a chuva chegar."


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