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New York Times

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Jovens ilegais buscam provar vida nos EUA

Por KIRK SEMPLE

O imigrante sul-coreano Chul Soo, 27, está em situação clandestina nos Estados Unidos. Ele viveu, nos últimos anos, à margem da sociedade, trabalhando sem registro numa loja de videogames e numa empresa atacadista de Nova York, sem ter nem carteira de motorista nem cartão de crédito.

Agora, ele está se inscrevendo num programa que evita a deportação de imigrantes ilegais que tenham sido trazidos para os EUA quando crianças e que possam provar que estão no país desde 2007, entre outras exigências. Chul Soo disse ter chegado em 1995, mas não tem como comprovar.

"É frustrante", dizsobre o esforço para montar um mosaico de registros.

Desde que o presidente Barack Obama anunciou o programa, em junho, imigrantes ilegais em todo o país se empenham em juntar provas. O desafio deles é: como documentar uma vida sem documentos?

Os solicitantes precisam provar que foram trazidos para os EUA antes dos 16 anos, que vivem continuamente no país há cinco anos e que estavam nos EUA e eram menores de 31 anos em 15 de junho. Precisam mostrar também que estão matriculados na escola ou que concluíram o ensino médio ou um curso equivalente, ou então que foram dispensados com honras das Forças Armadas.

Devido às exigências, muitos precisam revisitar os caminhos da clandestinidade.

"Uma das coisas mais impressionantes é o desespero e a tristeza de quando você conversa com alguém que está absolutamente qualificado, mas que não consegue providenciar os documentos que provem isso", disse Jacqueline Esposito, diretora da Coalizão de Imigração de Nova York.

Chul Soo diz que chegou aos EUA com dez anos. As pistas burocráticas deixadas por ele praticamente se apagaram depois que ele abandonou o colégio em Staten Island e obteve o certificado GED, equivalente ao diploma do ensino médio, em meados da década de 2000.

Seus comprovantes são fragmentados: um documento da Faculdade Comunitária do Distrito de Manhattan, que ele frequentou por um semestre em 2007, registros tributários de 2009, quando ele trabalhou durante alguns meses como aprendiz de técnico odontológico (usando o cadastro previdenciário de um parente), contracheques do seu atual emprego em uma empresa de eletrônicos e extratos de uma conta bancária que ele manteve por dois meses neste ano.

Restam lacunas relativas a 2008, 2010 e 2011, que ele pretende preencher com o auxílio de advogados do Centro MinKwon de Ação Comunitária.

O mexicano Rigoberto, 23, chegou aos EUA em 1995 e tem prontuários de escolas públicas de Nova York para provar sua presença no país antes de completar 16 anos. Ele também possui documentos de dois dos últimos cinco anos. Mas ele mora com seu pai e trabalha sem registro na construção civil.

A única documentação dos últimos anos é uma carta recebida meses atrás do Sistema Seletivo de Serviço (pré-alistamento militar), confirmando seu registro. Ele disse esperar que isso, pelo menos, mostre que ele estava no país em 15 de junho.

Alguns solicitantes anexam fotos de si mesmos publicadas no Facebook com data, principalmente quando tiradas diante de paisagens americanas reconhecíveis, segundo advogados e militantes da imigração. Outros imprimem registros de atividades em aplicativos de celulares, como o FourSquare, e reúnem tabelas e registros de competições esportivas das quais participaram.

Yaida, 17, disse que só lhe falta um documento: o passaporte mexicano. Para obtê-lo, ela precisa de autorização do pai, que abandonou a família quando ela era criança. "Tenho tudo, exceto um passaporte", afirmou.

O mexicano Luis, 26, chegou aos EUA em 2000, aos 15 anos, mas sua busca pela documentação foi dificultada pelas mudanças de casa e de emprego.

Reunir toda a papelada foi uma tarefa árdua, segundo ele. "Mas agora estou prestes a fazer a solicitação. Espero que dê tudo certo."


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