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Escasseia vagas na China para estrangeiros

Maioria dos estrangeiros vira professor de inglês

Por LARA FARRAR

PEQUIM - Michal Sliwinski decidiu comprar uma passagem só de ida para a China em 2010, após ler uma reportagem sobre o estonteante crescimento do gigante asiático. Ele havia acabado de se formar em ciências políticas na Polônia, não achava emprego e considerava que as perspectivas no seu país natal não iriam melhorar tão cedo.

"Nem pensei duas vezes", disse Sliwinski, 26, hoje radicado em Pequim. "Eu me hospedei num hostel, achei emprego em uns cinco dias e comecei a lecionar inglês."

Dois anos depois, Sliwinski se diz cansado de ensinar inglês, mas tem dificuldades para achar outro emprego.

Assim, ele se viu entre os 1.200 expatriados percorrendo os cerca de 60 estandes da Feira de Empregos para Estrangeiros, realizada no final de outubro em Pequim.

Para a sua frustração, a maioria das empresas representadas buscava professores de inglês. "Provavelmente há alguns empregos realmente bons", disse Sliwinski.

"Mas há uma enorme competição entre estrangeiros. Você não conseguirá um emprego só porque é branco."

Nos países ocidentais em dificuldades, há alguns profissionais com formação universitária que veem a China como a nova terra das oportunidades. Mas o forte crescimento econômico chinês não implica em boas perspectivas profissionais para todos. Estrangeiros, particularmente aqueles que não têm habilidades técnicas especializadas nem são fluentes em mandarim, podem encontrar apenas vagas de professor, com salários inferiores aos de seus países de origem.

"Há uma ideia de que a China está crescendo e aparecendo e que lá é o lugar para onde ir", disse Adam Clark, 23, que participa de um intercâmbio na Universidade Nankai, em Tianjin, como parte do seu mestrado em estudos chineses pela Universidade de Edimburgo.

"Na verdade, acho bem mais difícil do que isso. Ter dois diplomas -um em mandarim, outro em outra coisa- e só poder lecionar inglês não é algo inteiramente desejável."

Segundo o censo chinês de 2010, entre os ocidentais radicados na China há 71 mil americanos, 20 mil canadenses, 15 mil franceses, 14 mil alemães e 13 mil australianos.

No site para expatriados eChinacities.com, 65% das ofertas de emprego são para lecionar inglês.

"Para que os estrangeiros encontrem um emprego na China, ainda há muitos obstáculos", disse George Xu, executivo-chefe do site. "Se você não fala chinês e quer trabalhar nesse país, vai ser bem difícil."

Há uma ou duas gerações, ter inglês fluente e experiência internacional eram consideradas habilidades especiais.

Hoje, há mais candidatos qualificados no mercado, especialmente estudantes chineses que voltam do exterior com diplomatas universitários, várias línguas e um ponto de vista internacional. Houve 186,2 mil retornados desse tipo no ano passado.

"A concorrência contra formandos locais ou contra chineses com um pouco de experiência profissional é intensa", disse Andy Bentote, diretor e gerente para a China da agência de recrutamento Michael Page.

Max Scholl, 23, que estudou engenharia ambiental na Universidade de Vermont, está há dez meses na China lecionando inglês num jardim da infância. Seu salário é de 10 mil yuans (US$ 1.600) por mês. Ele teme não achar emprego no seu campo de escolha.

"É um pouco assustadora a situação na qual me encontro", afirmou.

Quem tem tempo e disposição para aprender a língua e a cultura da China parece ter mais facilidades.

O inglês Bart Bucknill chegou à China em 2009. Durante dois anos, lecionou inglês e aprendeu chinês. No ano passado, na feira de empregos de Pequim, achou uma vaga de gerente de desenvolvimento de negócios na empresa Zhuzhou Times New Material Technology, fabricante de produtos de engenharia com sede na província de Hunan.

Neste ano, ele voltou à feira -como recrutador.

Aos 26 anos, ele diz ter um cargo mais graduado e mais responsabilidades do que teria no Reino Unido, sua terra natal.

"Acho que os impressionei com o nível do meu chinês e também com a minha capacidade de me encaixar numa organização chinesa", afirmou.

"Essas eram minhas qualificações. São habilidades frágeis, você pode dizer, mas são importantíssimas para trabalhar numa empresa chinesa."


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