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New York Times

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MARION COTILLARD

Atriz separou vida e set após filho

Por KRISTIN HOHENADEL

Depois de receber um Oscar pelo papel de Edith Piaf em "Piaf, Um Hino ao Amor", em 2007 -o primeiro Oscar dado por uma atuação em língua francesa-, Marion Cotillard tornou-se conhecida do grande público americano com filmes como "Meia-Noite em Paris", de Woody Allen, e "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge". Ao mesmo tempo, ela conserva sua credibilidade de atriz de filmes de arte na Europa.

O trabalho mais recente da atriz francesa de 37 anos é "Rust and Bone". Coescrito e dirigido pelo francês Jacques Audiard, o filme é estrelado também pelo jovem ator belga Matthias Schoenaerts.

"Rust and Bone" foi um sucesso comercial e de crítica na França e já está atraindo especulações sobre um Oscar para Cotillard.

Ela faz o papel de uma amarga e solitária treinadora de orcas no oceanário Marineland, em Antibes, na França, chamada Stéphanie, que perde as pernas do joelho para baixo após um acidente improvável com uma das baleias assassinas.

A tragédia a transforma de fora para dentro. Stéphanie se envolve profundamente com um pai solteiro e ex-boxeador, Ali (Matthias Schoenaerts).

Jacques Audiard, que adaptou o roteiro com Thomas Bidegain, combinou contos de uma coletânea do escritor canadense Craig Davidson e converteu uma história que soa improvável em uma meditação discreta sobre a felicidade que nasce quando alguém se abre para o amor.

Para Cotillard, porém, a maior dificuldade foi a de se colocar no estado emocional em que Stéphanie se encontrava inicialmente, de alguém que está sem chão. "No começo do filme, ela está vazia. Ela não sabe quem é nem por que está viva", explicou a atriz. "Está anestesiada."

Audiard disse ao telefone que, depois de assistir a "Piaf, Um Hino ao Amor", decidiu que um dia trabalharia com Marion Cotillard. "O que me comoveu nela foi a sua capacidade de esquecer-se dela própria, de realmente compor um personagem", revelou.

Já Cotillard refletiu: "Adoro minha própria vida. Mais e mais, adoro ser eu mesma. Mas amo o trabalho de mudar totalmente de personalidade, de criar algo que é radicalmente diferente de mim."

Ela falou que não é mais a pessoa que se sentiu assombrada por Edith Piaf por oito meses após o término das filmagens.

"Quero mergulhar profundamente em meus papéis", explicou. "Se não, de que serve esse trabalho? Mas não acredito que a sensação de ser assombrada vá acontecer comigo novamente. Minha vida mudou de uma maneira totalmente orgânica: quando eu voltava ao hotel, depois de filmar algumas cenas de 'Rust and Bone', tinha meu bebê para cuidar. De repente, tornou-se muito fácil fazer a separação entre a minha vida no set e a de fora dele. Naquela época, meu filho tinha cinco meses, era um bebezinho que precisava integralmente de mim, não de mim com meu trabalho."

"Stéphanie (em 'Rust and Bone') me comoveu mais do que qualquer outra personagem que já representei. Ela redescobre a sensualidade, a sexualidade, o amor. Na tragédia que ela enfrenta, tudo é muito positivo."

Embora o filme inclua cenas de sexo que ganham pungência devido à anatomia alterada de Stéphanie, Cotillard disse que não foram essas sequências que a fizeram sentir a nudez de seu papel. "O acidente dela é o início de um renascimento", falou, "e durante todas aquelas cenas, tive em mente que era o nascimento de um bebezinho."

Depois de um ano agitado, Cotillard contou que não tem novos projetos previstos até o verão do próximo ano, embora não esteja excluindo nada. "Já não sinto tanto que eu tenho algo a provar, mas ainda tenho coisas a provar para mim mesma."

"Eu adoraria fazer uma comédia, por exemplo. Ainda há muitos riscos a correr. Mas não sei se serei atriz a vida inteira. Com esse ofício, nada pode ser dado como garantido. O trabalho deixa você muito exposto, o que pode ser violento. Sou forte, mas também sou frágil. Às vezes não é fácil ser exposta ao julgamento de outros, nem mexer com suas emoções, ir procurar algo dentro de você mesma e desnudar-se para o mundo."


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