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New York Times

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ARVIND KEJRIWAL

Ativista anticorrupção cria partido na Índia

"Estamos entrando no sistema para mudar o sistema"

Por JIM YARDLEY

NOVA DÉLI - Franzino e de óculos, Arvind Kejriwal, 44, se tornou um improvável insurgente da política indiana. Ele já fez acusações de corrupção contra alguns dos mais poderosos políticos do país. A corrupção, argumenta ele, corrói todos os partidos e o sistema político indiano está fundamentalmente comprometido.

Sua solução? A formação de um novo partido para as eleições nacionais de 2014.

Há poucos meses, esse ex-auditor fiscal parecia politicamente acabado. Ele foi o mentor de um movimento anticorrupção que sacudira a Índia no ano passado, mas que parecia ter cometido um erro de cálculo.

Primeiro, o movimento se esvaziou. Depois, veio o fim da sua aliança com Anna Hazare, que se tornou o símbolo do movimento com sua greve de fome. Hazare inesperadamente recuou do plano de criar um partido.

Antigamente, no mundo político, dizia-se que o partido de Kejriwal seria natimorto. Agora, no entanto, ninguém mais está zombando de Kejriwal.

Pelo contrário, ele é temido. Acusou Robert Vadra, genro de Sonia Gandhi, a mais poderosa política do país, de ter acumulado milhões de dólares em negócios imobiliários escusos. Kejriwal também se deteve nos negócios de Nitin Gadkari, líder do principal partido da oposição. Apontou irregularidades numa entidade para deficientes mantida pela família de Salman Khurshid, o novo chanceler iraniano. Acusou a Reliance Industries Ltd., a mais poderosa corporação do país, de exercer influência política para fraudar bilhões de dólares em contratos de gás natural.

Durante todo esse tempo, Kejriwal passou uma mensagem simples, mas radical: a democracia indiana, a maior do mundo, não precisa só de uma reforma. Precisa de uma revolução.

Seu comitê fica numa casinha ao lado de uma favela, onde ele recebe o público.

Um homem havia viajado centenas de quilômetros para lhe prestar apoio. Um casal apresentou seu filho de dez anos como um futuro soldado da causa. "Depois de vê-lo", disse a mãe, "tenho a coragem de que agora podemos erguer nossas vozes".

Kejriwal cresceu no norte do país. Após se formar na mais prestigiosa faculdade de engenharia da Índia, prestou concurso para auditor, entrando para a elite do funcionalismo público. Isso mudaria sua vida. "Havia corrupção em todos os estágios", contou.

Em 2010, ele ajudou a criar um órgão independente de fiscalização, o Lokpal. Essa campanha, comandada por Hazare, formou uma coalizão de líderes da sociedade civil que ficou conhecida como Equipe Anna. Kejriwal rapidamente se tornou o principal assessor de Hazare. Ele foi crucial na formação do grupo Índia Contra a Corrupção, com muitos jovens que souberam usar a internet e as redes sociais para dar um caráter nacional ao Lokpal. "Estamos entrando no sistema para mudar o sistema", disse ele.

Alguns o veem como manipulador e calculista.

"Eu pude vislumbrar as táticas manipuladoras de Arvind desde o começo", disse Swami Agnivesh, ativista social de longa data que rompeu com a Equipe Anna. "Cada vez mais, ele tentava obter o controle sobre o grupo", afirmou.

Críticos dizem que, quando a Equipe Anna se fragmentou, sem conseguir aprovar leis relativas ao Lokpal, o jeito irredutível de Kejriwal contribuiu para impedir qualquer acordo.

Kejriwal certamente aproveita a ira popular contra a corrupção, mas não tem a certeza de que tal ira se transforme em votos contra os partidos tradicionais.

"A disputa eleitoral se dá na base do dinheiro e da musculatura de poder" disse Kejriwal. "Não podemos ganhar nesse terreno."


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