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New York Times

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Ethan Hawke

Ex-galã faz apostas fora de Hollywood

Por DANIEL J. WAKIN

Ver Ethan Hawke em um espaço de ensaio mal cuidado no centro de Manhattan, dirigindo atores em uma leitura, é um pouco chocante. Não pelo fato de ele estar lá: Hawke é uma presença constante na cena teatral de Nova York e está ensaiando "Clive", em que estrela e dirige.

Não, o chocante é o seu cabelo. Vertical e salpicado de prata, com notas de verde (ou será azul?), sua cabeleira parece um elemento cênico, o que de certo modo é.

Como muitas outras coisas assumidas por Hawke, um ex-jovem galã do cinema que hoje tem 42 anos e quatro filhos, o cabelo pareceria pretensioso se não fosse feito com total honestidade.

"Clive" é uma adaptação de "Baal", de Bertolt Brecht, escrita por Jonathan Marc Sherman, um velho amigo de Hawke. Para este, a peça faz parte de uma carreira teatral que inclui fundar uma companhia, dirigir novas obras e assumir um papel de astro obstinado na remontagem de "Hurlyburly", de David Rabe, que, como "Clive", foi produzida pelo New Group.

Isso se misturou com trabalhos intelectuais como a trilogia de Tom Stoppard "Coast of Utopia", pela qual Hawke ganhou uma indicação para o Tony, e o personagem-título melancólico de "Ivanov", de Chekhov, que ele recentemente apresentou na Classic Stage Company.

"Ele atacou a vida daquele personagem ", disse Philip Seymour Hoffman, que estrelou com Hawke o filme "Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto", de Sidney Lumet.

"Clive", que segue "Baal" cena a cena, iniciou a temporada em 17 de janeiro no Acorn Theater, com um elenco que inclui Vincent D'Onofrio, Zoe Kazan e o próprio Sherman.

Hawke atua, dirige e canta ao longo do retrato escabroso de um roqueiro talentoso e ferozmente drogado que está a caminho do inferno, deixando marcas de garras em tudo ao seu redor.

"Ele fere as pessoas que ama", explicou Hawke.

"Mas eu acho que Brecht estava pensando em outra coisa, não se o personagem é bom ou mau. Estou tentando alcançar isso com a apresentação."

Bancável por Hollywood depois de "Caindo na Real", em 1994, Hawke parecia ter cachê suficiente para ter uma vida profissional relativamente privilegiada.

Não é que ele tenha deixado o trabalho no cinema comercial.

Em 2002, ele recebeu uma nomeação da Academia por seu papel coadjuvante ao lado de Denzel Washington no filme "Dia de Treinamento".

Ultimamente, por dinheiro, ele trabalhou em dois filmes de terror, "A Entidade", que foi muito bem, e "The Purge", que será lançado em maio.

Antes disso, ele terá fechado o círculo quando "Before Midnight" [antes da meia-noite] estrear no Festival de Cinema Sundance -o terceiro filme da série de Richard Linklater em que Hawke estrela com Julie Delpy.

Tendo sido marido de Uma Thurman e se divorciado dela, passando pela máquina dos tablóides no processo, não é como se Hawke tivesse vivido completamente a vida de um monástico rato de teatro.

Afinal, Hawke, que no cinema muitas vezes fez o menino bonito relutante que era mais inteligente do que os outros pensavam, vem interpretando esse tipo o tempo todo.

"Eu era alérgico a ser famoso e venho perseguindo neuroticamente um sonho maior, uma vida substantiva nas artes, de modo que eu não acabasse sendo definido por ela", disse.

Sobrinho-neto de Tennessee Williams, Hawke abandonou o programa de inglês na Universidade de Nova York, mas escreveu dois romances e está trabalhando em um terceiro. Ele quer ser levado a sério.

"Sinto como se tivesse tropeçado em algo original com este grupo de pessoas", diz sobre seus colaboradores em "Clive".

"Vocês nunca viram uma peça como essa, e não sei exatamente se vai dar certo, mas sei que é o que quero fazer na minha vida."


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