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New York Times

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Cantor que fez sucesso no exterior volta aos EUA

Por BEN RATLIFF

O novo álbum descontraído e confiante do cantor José James, "No Beginning No End" [Sem princípio nem fim], lançado pela Blue Note em janeiro, parece o resultado de black pop, jazz, soul, hip-hop e R&B cozidos em fogo baixo por mais de 50 anos.

Definitivamente, o cantor quer ser apreciado por mulheres adultas com canções como "It's All Over Your Body" e "Come to My Door". Há duetos com vozes femininas tranquilas -como a franco-marroquina Hindi Zahra em "Sword and Gun" e a nova-iorquina Emily King em "Heaven on the Ground".

O disco também encontrará provavelmente público entre os músicos, especialmente por faixas como "Vanguard", com a seção rítmica do pianista Robert Glasper, do baixista Pino Palladino e do baterista Chris Dave.

Gravado em Nova York, Paris e Londres, o disco está em um selo famoso por lançar jazz, mas não é jazz. Tem mais força de banda ao vivo do que a maioria das músicas de cantores que também são compositores. É um pouco caloroso e interiorizado demais para ser considerado R&B. Não é música de tendência, mas sua descontração insistente lhe dá uma espécie de originalidade.

"Ele não parece procurar um tipo de vibração de cantor mais velho", disse Glasper. "Ele é jazz e não precisa sair por aí para provar isso. Muito naturalmente ele é um filho do hip-hop e do R&B. Ele apenas respira."

James, 34, cresceu com o rock hip-hop e indie do fim dos anos 1980 e início dos 1990: Ice Cube, Nirvana, Pharcyde e Digable Planets. Ele é filho de um saxofonista e tenor panamenho do mesmo nome, mas seu pai não o criou. Ele morou com sua mãe, uma americana-irlandesa, em Duluth, em Minnesota, depois em Seattle e em Minneapolis. Entrou para o coro de sua escola católica aos 14 anos. Quando sua voz mudou, abandonou a escola e trabalhou em bicos por algum tempo. "Tive uma adolescência realmente fraturada", disse.

Aos 17, ele voltou a morar com a mãe e a ir à escola. Seus empregos lhe davam dinheiro para comprar discos, o que fazia metodicamente. Primeiro os básicos, depois uma ampla compreensão dos selos importantes e então artistas individuais. Mais ou menos nessa época ele escreveu a letra para o solo de John Coltrane em "Equinox". Compartilhou suas experiências com músicos mais velhos, como o saxofonista Douglas Ewart e o pianista Carie Thomas, que tinham conexões com a cena de jazz de vanguarda de Chicago dos anos 1960. Então ele começou a tocar com eles.

Depois do colégio, ele procurou um professor de canto, que lhe ensinou a técnica de ópera. Foi sua única instrução formal, disse James, além dos discos.

Em 2006, ele gravou algumas faixas com uma banda, incluindo sua versão vocal do "Equinox" de Coltrane. Foi a Londres para um concurso de canto, que não ganhou, mas distribuiu muitas cópias de seu demo. Uma delas chegou a D.J. Gilles Peterson, da rádio BBC, um importante formador de opinião na Europa. Peterson tinha criado sua própria gravadora, a Brownswood, e eles fizeram dois discos juntos, "The Dreamer" e "Blackmagic".

James mudou-se para Londres por algum tempo e encontrou um público na Europa e no Japão. Notou com satisfação que, em vez de tocar em clubes de jazz para 30 pessoas, ele estava se apresentando em espaços como o clube Paradiso em Amsterdã, com capacidade para mil pessoas. Mas James sentia-se frustrado por não ter uma carreira em seu próprio país.

Por um breve período, ele foi contratado pela Verve, o selo que lançou a maioria dos discos de Coltrane que ele amava. Porém, a parceria resultou em "For All We Know", um álbum sonolento de standards em dueto com o pianista holandês Jef Neve. James ganhou prêmios na França, mas não pareceu convincente em Nova York.

Então ele está de volta, reinventado. Desta vez foi meticuloso, financiando a gravação de "No Beginning No End" e o apresentando à Blue Note como um fato consumado. Mas talvez não fique por lá. "Essa sensação de que Nova York é o polo para os artistas não existe mais", diz. "Cada vez mais pessoas dizem que Berlim é bacana, Paris é bacana ou Marrakech é bacana. Meu selo está aqui, meus músicos estão aqui. Mas eu não vou ficar aqui para sempre."


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