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Ensaio - Michael Kimmelman

Fotógrafo capta brilho modernista

O fotógrafo americano de arquitetura Ezra Stoller deixou um tesouro de imagens modernistas. Quando falamos do terminal TWA, criado por Eero Saarinen, da Glass House, de Philip Johnson ou do edifício Manufacturers Trust, de Gordon Bunshaft, com sua caixa-forte de Henry Dreyfus, é provável que venham à mente imagens criadas por Stoller.

Imaculadas, discretas e com um misto de sombra e luz destacando cada ângulo e superfície, as fotos de Stoller ressaltavam a geometria, a transparência e a atemporalidade -como faziam os próprios edifícios.

Quase tanto quanto fizeram essas obras arquitetônicas, as imagens criadas por Stoller ajudaram a fixar o design moderno na consciência dos Estados Unidos. Na realidade, antes da internet e das viagens aéreas baratas, foi por Stoller e por um punhado de grandes fotógrafos comerciais que multidões incontáveis tiveram contato com a nova arquitetura.

Tema de uma exposição que ficará até 2 de março na galeria Yossi Milo, em Chelsea, Stoller morreu em 2004, aos 89 anos, deixando um legado de cerca de 50 mil fotos. Quando eu era jovem editor da revista de design "I.D.", senti meu coração bater forte quando telefonei para o estúdio dele. "A arte é a arquitetura", insistiu Stoller, comparando o que fazia a um músico "que recebe uma partitura para tocar e que precisa infundir vida a ela, extraindo o melhor daquela música".

A analogia entre a música e seu trabalho era justa, pois implicava em sintonia e em deferência. Stoller era virtuose em harmonizar o misto de concreto, vidro e aço usado por um arquiteto. Folhear seu livro de fotos é ver a sofisticação dos anos 1960 e o brilho que ele infundiu a prédios comerciais, terminais de aeroporto e instalações industriais da metade do século 20.

Stoller nunca era cândido. Mas a exposição também traz fotos de operários de fábricas, como uma mulher irrealmente graciosa através de uma cortina translúcida de seda, operando um tear industrial.

Se estivesse ativo hoje, Stoller poderia ser contratado para divulgar os campi do Google e da Apple. Na época dele, a divulgação corporativa girava em torno da IBM e da Heinz, fabricante de ketchup, cuja fábrica asséptica com cestas de tomate em Pittsburgh Stoller fotografou em cores. Na fábrica das balinhas Life Savers em Port Chester, em Nova York, ele mostrou uma colcha de retalhos de correias transmissoras distribuindo pilhas de docinhos fluorescentes verdes, amarelos e laranjas.

Fotógrafos de arte como Andreas Gurky enchem museus de panoramas digitalmente modificados de excesso pós-industrial, enquanto outros como Andrew Moore e Robert Polidori, como observou o crítico Andy Grundberg, vêm documentando com detalhes extravagantes o declínio da arquitetura em cidades como Detroit.

Fotógrafos arquitetônicos como Iwan Baan destacam os edifícios como artefatos sociais, mostrando seu uso por pessoas. Os arquitetos circulam em torno de versões computadorizadas de seus próprios projetos potenciais, confundindo as percepções do público do que é real e do que não é real.

Ezra Stoller faz parte de outro tempo. Mas todas as fotografias são arquitetadas, em última análise, e o passar dos anos pode converter os melhores trabalhos comerciais em arte. A verdade inegável é que as fotos de Stoller encarnam uma era e uma estética que ainda nos emocionam.


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