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Ruy Castro

Luto em Oz

RIO DE JANEIRO - Com a morte da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher na semana passada, uma velha canção americana foi ressuscitada e chegou ao segundo lugar nas paradas de Londres: "Ding Dong! The Witch is Dead" --literalmente, "Tlim-tlim! A Bruxa Morreu". Os conservadores e até os trabalhistas se indignaram, alegaram desrespeito e tentaram obrigar a BBC a tirá-la do ar. O que a BBC se recusou a fazer.

Alguém teria adorado saber dessa história: Yip Harburg (1896-1981), autor da letra. "Ding Dong! The Witch is Dead" foi feita para o filme "O Mágico de Oz" (1939), estrelado por Judy Garland, para o qual a dupla Harold Arlen-Yip Harburg produziu 23 canções, entre as quais a imortal "Over the Rainbow". Harburg foi um letrista do nível de Lorenz Hart, Ira Gershwin e Johnny Mercer, e algumas de suas credenciais são "April in Paris" (com Vernon Duke), "Old Devil Moon" (com Burton Lane) e "Last Night When We Were Young" (também com Arlen).

Harburg era de "esquerda", ou o que se pareça com isso nos EUA. Seu primeiro sucesso, "Brother, Can You Spare a Dime?", em 1932, tornou-se um hino dos desvalidos da Grande Depressão. Mas, profissional que era, nunca deixou que a política interferisse na objetividade e no humor de suas letras. Mesmo assim, em 1951, entrou na mira do macarthismo e levou anos impedido de trabalhar.

Irônico porque, se quisesse --disse ele--, poderia ter feito proselitismo até com os personagens de "O Mágico de Oz", criados por L. Frank Baum em 1900. Suponha que o Homem de Lata fosse o... operariado; o Espantalho, os camponeses; o Leão Covarde, a classe média; os Munchkins, os pobres; e o Mágico, o governo.

E quem seria a Bruxa Má do Leste, cuja morte foi tão festejada pelos Munchkins? Era Wall Street --os banqueiros do Leste. Por sinal, muito amigos de Margaret Thatcher.


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