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Munição para a Síria

O fim do sangrento conflito entre o governo sírio e uma miríade de grupos insurgentes deveria ser a prioridade dos países com mais influência na região. Mas a renovada disposição russa de continuar vendendo armas para o aliado Bashar al-Assad incentiva seu regime ditatorial a manter bombardeios em lugar de buscar a negociação.

Ao persistir na ajuda militar, desta vez com a venda de mísseis terra-ar S-300 (uma primeira leva já teria chegado à Síria), Moscou sabota a própria iniciativa conjunta com os Estados Unidos para organizar uma conferência de paz entre governo e opositores, em Genebra.

As chances de alcançar algum acordo são mínimas no momento. Assad, respaldado pela Rússia e reforçado pelo grupo radical libanês Hizbullah, declarou, em entrevista ao diário argentino "Clarín", que concorrerá às eleições no ano que vem e acusou potências ocidentais de não almejar de fato o fim do conflito.

Do outro lado, a confusa coalizão opositora, formada por dezenas de facções, decidiu nesta semana --após demorada discussão-- que só deporá armas caso o ditador sírio se disponha a renunciar.

Com a solução pacífica mais distante, e em clara represália à Rússia, a União Europeia suspendeu o embargo de armas para os rebeldes. Abriu caminho, assim, para França e Reino Unido, principais defensores da medida, municiarem grupos rebeldes.

A decisão europeia visa ainda reforçar a oposição diante da crescente presença de extremistas islâmicos, principalmente a frente Al Nusra, grupo aliado da Al Qaeda e listado como terrorista pelos EUA.

No campo diplomático, o resultado é que Rússia e União Europeia passaram a trocar acusações de incentivar ainda mais a violência. Em dois anos, os combates mataram mais de 70 mil pessoas e produziram 1,4 milhão de refugiados.

Tampouco contribui para a paz o entrelaçamento do conflito sírio com interesses de países vizinhos, como Arábia Saudita (apoiadora de alguns grupos de rebeldes extremistas), Irã (aliado de Assad) e Israel (inimigo de Assad, inquieto com o envolvimento do Hizbullah).

O resultado é que, divididas, as potências mundiais e seus aliados na região conturbada não coordenam pressões para que os sírios tirem o dedo do gatilho. Ao contrário, tudo indica que os estoques de munição só fazem crescer.


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