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Bernardo Figueiredo

TAV é solução, não problema

Não considerar o trem-bala prioritário é fechar os olhos para a evolução do transporte ferroviário. Não é mais possível protelar soluções

No momento em que a sociedade cobra soluções para os inúmeros problemas do país, devemos lembrar que hoje pagamos o preço pelo que deixamos de fazer.

Nos anos 80, precisávamos ter construído metrôs e veículos leves sobre trilhos (VLT) para resolver estruturalmente o transporte urbano. As grandes cidades do mundo já tinham implantado sistemas sobre trilhos e de grande capacidade, mas nós resolvemos investir nos ônibus.

Porque eram mais baratos, porque os empresários do setor eram influentes e porque se dizia que o Brasil não tinha capacidade financeira nem técnica para tanto.

A falta de visão de longo prazo produziu argumentos demagógicos. Ônibus é para o pobre, e metrô, para o rico, dizia-se. Temos de investir em educação, saúde e segurança, argumentava-se. Como se fosse impossível ter tudo isso e transporte eficiente ao mesmo tempo.

O negativismo sempre cercou os grandes projetos. Poderíamos imaginar o país sem a rodovia Dutra, a ponte Rio-Niterói, a Ferrovia do Aço ou a usina de Itaipu? Na época em que foram projetados, também existiam "técnicos" para demonstrar a impropriedade dos investimentos.

O mesmo ambiente é construído em torno do trem de alta velocidade (TAV) para ligar o Rio a São Paulo e Campinas. Considerar que o TAV não seja prioritário ou que gastará recursos que poderiam ser aplicados em metrôs e VLTs é fechar os olhos para a evolução do transporte ferroviário de passageiros a média distância.

E é desconsiderar que não haja projeto de mobilidade urbana que esteja paralisado por falta de apoio financeiro do governo federal. Ao contrário, a disponibilidade orçamentária não é aproveitada pela falta de projetos.

A ferrovia reconquistou sua competitividade pelo avanço tecnológico, que aumentou a velocidade dos trens. É o meio de transporte mais sustentável --pelos custos operacionais, impactos ambientais e capacidade de transporte. E oferece o melhor serviço aos usuários em função do tempo de viagem, do conforto, da regularidade e previsibilidade de horários e da segurança.

O trem de alta velocidade é uma solução de transporte de passageiros e cargas leves, utilizada ou em construção em 11 países na Europa e na Ásia. Os Estados Unidos, antes reticentes, já estudam a criação de linhas para essa modalidade.

Mas a questão fundamental é: qual é a solução para a mobilidade das pessoas no populoso eixo Rio-São Paulo? Alguém acha que não teremos (ou temos) problemas de mobilidade se nada for feito? Ou que um colapso no sistema de transporte não compromete a sustentabilidade do desenvolvimento do Brasil?

Não precisamos e não podemos deixar isso acontecer para agir. Já estamos numa situação limite. Por razoabilidade, não há como discutir ampliações rodoviárias ou do transporte aéreo nesse eixo. Não são soluções sustentáveis, sob os pontos de vista socioambiental, econômico nem operacional.

Não é mais possível ficar protelando soluções. Ou vamos deixar para agir só quando a população for às ruas para reclamar que não suporta mais as condições criadas pelo que deixamos de fazer?


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