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Leão Serva

TENDÊNCIAS/DEBATES

Quem quer ser um milionário?

O empreendedor que oferecer alternativa aos pais que levam os filhos de carro à escola terá recompensa proporcional à demanda

Na década de 1950, diante do congestionamento causado pelos ônibus intermunicipais ao deixarem seus passageiros na avenida Ipiranga, o jovem empreendedor Octavio Frias de Oliveira (1912-2007) lembrou o ditado norte-americano: "If you want to make money, find a need and fill it" --se você quer fazer dinheiro, encontre uma demanda e atenda.

Ele respondeu à necessidade criando a rodoviária de São Paulo; ganhou dinheiro, comprou a Folha e fez história como seu publisher.

Pois atenção, empreendedores do século 21: a demanda está colocada. Seu nome é mobilidade urbana. Na nossa São Paulo, imensa e fraturada pelo próprio crescimento, o mês de agosto, ano a ano, mostra tudo: as crianças voltam às aulas, os congestionamentos crescem nas ruas.

É verdade que centenas de milhares de paulistanos já começam a fugir do carro para se livrar da armadilha diária dos congestionamentos. Os donos de automóvel que, de alguma forma, mudaram a forma de utilizar o veículo chegam a 57%, segundo pesquisa do instituto Ipespe feita para a edição 2013 do guia "Como Viver em São Paulo sem Carro".

Esse índice inclui os que mantêm o uso do automóvel no fim de semana e para ir ao trabalho utilizam transporte coletivo, bicicleta ou mesmo as solas dos sapatos. O ex-dependente do carro é "multimodal", para usar o termo apreciado por consultores de transporte.

Mas há uma demanda que segue intocada: a dos pais motorizados que levam seus filhos à porta da escola. São eles que, duas vezes por ano, em março e em agosto, fazem o trânsito da cidade aumentar até 40% em relação ao mês anterior. São milhões de carros cuja circulação se deve primordialmente à função de levar crianças à escola e buscar crianças na escola.

Já há empreendedores faturando com a mitigação dos efeitos do trânsito de São Paulo. Um criou uma moeda virtual e um site para facilitar a carona. Outro implantou o sistema de aluguel de bicicletas, patrocinado por um grande banco. Outro ainda implantou o compartilhamento de carros (ou seja, o aluguel dos veículos por hora). Em poucos anos, praticamente toda a frota de táxis da capital será acessível pela internet.

Recentemente, o criador do site Caronetas.com.br me disse que, enquanto o governo brasileiro insistir em subsidiar a indústria automobilística e o preço da gasolina, inflando os congestionamentos em todo o país, seu negócio com certeza seguirá prosperando.

Quem então vai achar a solução que substitua os carros dos pais e mães, garantindo segurança, acolhimento, pontualidade, enfim, a mesma qualidade (e quase o mesmo afeto) para o transporte dos pequenos?

Há experiências bem-sucedidas em outras grandes cidades do mundo. Em Tóquio, por exemplo, ajudar as crianças a chegar em segurança à escola é atribuição compartilhada por todos os cidadãos. Os Estados Unidos nos inundam de filmes em que os ônibus amarelos, cheios de estudantes de todas as idades, são coadjuvantes frequentes das tramas das sessões da tarde.

Atenção, empreendedor: a terceira metrópole do planeta tem uma demanda premente, procurando alguém que a atenda. A recompensa, seja financeira ou de outra natureza, tem tudo para ser proporcional. Alguém se habilita?


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