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Phillip Scheinberg

O começo do fim da quimioterapia

Novas drogas biológicas, ao contrário das quimioterápicas, atacam preferencialmente as células cancerígenas, reduzindo efeitos como queda de cabelo

A revista médica "New England Journal of Medicine", uma das mais conceituadas do mundo, publicou em edição recente resultados animadores de um estudo sobre câncer.

Segundo essa pesquisa, os pacientes portadores de um tipo de leucemia aguda, conhecida como promielocítica, tratados com medicamentos, mas sem quimioterapia, apresentaram resultados similares e comparáveis aos que receberam tratamento quimioterápico.

Na década de 1960, geraram entusiasmo os primeiros exemplos de cura com quimioterapia de pacientes com Linfoma de Hodgkin.

Nos últimos 15 anos, o que tem gerado entusiasmo é uma nova tendência de tratamento, com drogas biológicas que atacam células cancerígenas diretamente ou o ambiente em que sobrevivem.

Entre esses novos medicamentos, estão os anticorpos que atacam especificamente os tumores e inibidores de certas proteínas. Os anticorpos agem marcando as células tumorais que devem ser eliminadas pelo organismo ou levando quimioterápicos ao local específico do tumor. Já os inibidores bloqueiam proteínas vitais para a sobrevivência das células tumorais.

Medicações dessa classe vêm sendo usadas com sucesso para alguns tipos de tumores. Novas drogas biológicas contra os linfomas e mielomas demonstraram alta eficácia e resultados promissores. Essas drogas, ao contrário das quimioterápicas, atacam preferencialmente as células cancerígenas, reduzindo efeitos indesejados como, por exemplo, queda de cabelo.

Há outras classes de drogas não quimioterápicas que estimulam o sistema imunológico a atacar tumores de pele, como o melanoma, que também vêm demonstrando efetividade promissora.

Atualmente, protocolos de tratamento combinam drogas biológicas às terapias quimioterápicas convencionais. Outros estudos investigam regimes que prescrevem somente drogas biológicas, sem adicionar o componente quimioterápico.

Mas é notável que os principais estudos conduzidos atualmente no mundo para tratamento dos linfomas não contemplam novos quimioterápicos, mas sim agentes biológicos em combinação ou não às terapias quimioterápicas já existentes.

O melhor entendimento dos elementos que são importantes para a sobrevivência das células cancerígenas, adquirido nas últimas duas décadas, possibilitou o desenvolvimento dessas drogas que reconhecem alvos específicos. Por isso, são conhecidas com terapias-alvo.

Um dos maiores desafios no desenvolvimento dessas terapias é a identificação de alvos que são críticos para o câncer. Ou seja, quando atacados, os alvos interferem de maneira significativa na sobrevivência do tumor. Não se sabe se a interferência desses novos agentes no crescimento dos tumores terá ação temporária ou duradoura. Tampouco se conhece a melhor combinação de medicamentos, nem sequer se a combinação com quimioterapia é necessária. Essas e outras perguntas serão respondidas em estudos clínicos nos próximos anos.

Esperamos ter novos tratamentos eficazes com pouca ou nenhuma droga quimioterápica para alguns tipos específicos de tumores. Aguardamos com entusiasmo esses resultados. Mas é certo que nos aproximamos, cada vez mais, da era de tratamentos pós-quimioterápicos para o câncer.


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