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Opinião

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Hussein Ali Kalout

O ASSUNTO É A GUERRA NA SÍRIA

É o início do fim do conflito sírio?

Seria igualmente necessário implementar o desarmamento dos grupos terroristas infiltrados em todo o território sírio

O cenário sírio apresentou importantes evoluções nos últimos dias.

A possibilidade de uma intervenção armada --a pior das opções para a resolução do impasse-- enveredou, felizmente, para um diálogo mais responsável entre Moscou e Washington.

Alegações em favor de uma intervenção armada na Síria, edificadas sobre a inconsistente base do dever "moral" de agir, abriram espaço para um pragmatismo responsável em prol da estabilidade da região e da proteção da população síria.

Adicionalmente, com o entendimento entre as partes, preservou-se a degradação da ordem global e evitou-se a transgressão às normativas internacionais que só fragilizariam a eficácia do Conselho de Segurança da ONU de atuar como instância última a autorizar o uso a força.

Uma intervenção americana, além de não solucionar o problema, teria posto a região à mercê do caos e com riscos reais à sua estabilidade.

Em nome da verborragia e do prestígio, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, colocou-se num labirinto. A intervenção armada estaria ligada a um pretexto para atender a demandas de países como Arábia Saudita, Israel e Turquia ou à armadilha que ele mesmo plantou e agora tem de justificar para preservar o seu poder de coerção? Obama à deriva foi salvo por Putin --quem diria!

Perdido na equação síria e sem apoio internacional substancial, Obama buscou compartilhar com o Congresso americano a responsabilidade de chancelar a sua escalada retórica para não assumir as consequências da intervenção. Sua manobra política revelou um pouco da incerteza sobre a eficácia da punição e do efetivo uso de armas químicas pelo regime.

Ao deixar a intervenção de lado e partir para o diálogo diplomático, o presidente dos Estados Unidos preservou do risco a doutrina da política externa norte-americana para o Oriente Médio, balizada pela proteção de Israel, contenção do extremismo islâmico e controle dos recursos energéticos.

Na verdade, qualquer ação contra o regime sírio fragilizaria os dois primeiros pilares. Enfraquecer o governo Assad é jogar no colo das organizações terroristas como Jabhat al-Nusra e de milhares de outros fanáticos jihadistas o futuro da Síria e da região.

A solução diplomática para a questão síria é o único caminho. O acordo que está sendo esculpido entre Moscou e Washington em torno do desarmamento químico do Exército sírio é um avanço significativo.

Entretanto, seria igualmente necessário implementar o desarmamento dos grupos terroristas infiltrados em todo o território sírio. É importante se questionar se os patrocinadores dos rebeldes teriam condição de dar um passo similar.

O xadrez regional que está sendo jogado traz algumas importantes lições. Prova a sólida capacidade de influência da Rússia, que está firme no jogo estratégico do Oriente Médio, e o importante papel de Teerã.

O Irã sob governo de Hassan Rouhani, seu novo presidente, demonstrou disposição e pragmatismo ao convencer o governo sírio de abdicar do arsenal químico.

Conseguiu ainda preservar, habilmente, as pontes de diálogo com o Ocidente para futuras negociações, desmontando a tese de que a imposição e a força não são os melhores ingredientes para tratar de temas sensíveis ao Oriente Médio.

Washington tem agora, junto com Moscou, a chance de liderar uma verdadeira negociação e eliminar Estados refratários ávidos pela extensão do conflito.


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